Seja bem-vindo!
Esta é a 9ª edição da revista eletrônica do Projeto Integrado da Amazônia, uma parceria da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Aqui você vai conhecer projetos importantes desenvolvidos na região da Amazônia e as pessoas beneficiadas.
Nessa edição você vai ver:
(clique nos links para ir direto para as reportagens)
- Cada vez melhor: descubra como pesquisadores e produtores rurais estão se unindo para melhorar a produção de mandioca;
- 1 dia em 1 minuto: acompanhe a rotina dos produtores de farinha. E acesse mais detalhes desse estudo que faz parte do projeto Mandiotec;
- Preservar gera renda: conheça o trabalho que vem aumentando a renda de produtores enquanto eles ajudam a restaurar a Amazônia!
Para tornar a sua leitura mais gostosa, compartilhamos uma playlist com sons da floresta.
A certeza da melhor mandioca
Reportagem: Mauricília Silva
A agricultora Graciete de Souza Oliveira, conhecida no Vale do Juruá, no Acre, por produzir uma das melhores farinhas da região, conhece a roça como ninguém.
Desde muito cedo já ajudava seu pai na plantação. Casou aos 17 anos e continuou trabalhando na agricultura.
Plantando mandioca e fazendo farinha, durante muito tempo foi de onde tirava o sustento da família. Hoje, aos 58 anos, ela já perdeu as contas das diversas parcerias que firmou com a Embrapa para melhorar a produção.
Graciete destaca o que, pra ela, é um dos segredos de uma boa colheita: escolher bem as manivas. Maniva é um parte do caule da planta usada para plantar mandioca - muitos agricultores a chamam de semente.
“Eu sempre digo que quem planta uma boa semente, tem uma boa colheita…”
Por isso a agricultora aposta na sua experiência e nas boas práticas recomendadas pela Embrapa.
E assim como ela, muitos agricultores do Juruá colecionam experiência! Eles sabem o que é preciso pra produzir bastante e fazer farinha boa.
No município Mâncio Lima, tem mandioca de sobra! Branquinha, Chico Anjo, Mansibraba, Caboquinha, Curimã e Santa Maria são as variedades favoritas do agricultor Rosemir de Queiroz Pinheiro.
"Desde criança eu mexo com farinha de mandioca, aprendi com meu pai e por isso a gente já tem experiência para falar das variedades mais produtivas. Eu digo que é preciso ter cuidado na escolha da variedade porque umas têm mais cascas, outras mais água e outras a farinha não dá boa.”
O agricultor é parceiro da Embrapa em um experimento feito dentro da propriedade dele.
Pesquisadores acompanharam a produtividade de tipos tradicionais de mandioca plantados na região, e também observaram como se comportava a nova variedade BRS Ribeirinha, recomendada pela Embrapa.
A atividade faz parte de um estudo da Embrapa Acre realizado tanto no Juruá quanto no Baixo Acre.
Junto com agricultores, a pesquisa avaliou o desempenho de variedades de mandioca e comparou todas elas em relação ao teor de amido e produtividade das raízes.
O estudo confirmou a alta produtividade de muitas cultivares de mandioca já utilizadas antes, valorizando o conhecimento tradicional dos agricultores.
A pesquisa apontou que o potencial da espécie pode ser ainda melhor!
Basta trabalhar com variedades adaptadas a cada região e com práticas de manejo do solo adequadas, sem o uso da agricultura de derruba e queima.
A ideia é disseminar entre os produtores os tipos de mandioca que mais se adaptam a cada clima e região, e ajudar as famílias a buscar resultados cada vez melhores no campo.
"A parceria e o esforço dos agricultores têm sido fundamental, tanto para contribuir com as pesquisas como para a manutenção de diversos genótipos ao longo dos anos", afirma o pesquisador da Embrapa Acre, Celso Bergo.
“Outro ponto a observar é se um novo material produzirá tão bem quanto o material nativo, sem necessidade de grande investimento em insumos, por exemplo.”
“Isso é coerente com a realidade dos agricultores familiares da Amazônia”, acrescenta o pesquisador Falberni de Souza Costa.
O estudo comparou o comportamento dessas variedades com relação ao teor de amido e produtividade em um plantio instalado em Rio Branco (AC), no Campo Experimental da Embrapa, com seis cultivares de mandioca.
E assim a produção de um ingrediente fundamental para a alimentação de milhares de brasileiros vai sendo aperfeiçoada!
In natura, em forma de farinha, fécula, polvilho e até tapioca, a mandioca é alimento que não pode faltar no prato dos brasileiros. No Juruá, a farinha até já recebeu o selo de Indicação Geográfica.
É considerada essencial pra segurança e soberania alimentar de agricultores familiares da região.
A seleção de cultivares adaptadas à região está entre as estratégias da Embrapa para elevar a produtividade e incentivar a expansão da mandiocultura no Acre - estado que tem produtividade da mandioca superior à média nacional, segundo o IBGE.
“A Branquinha e Mansibraba já foram testadas pela Embrapa e mostraram que são boas mesmo! Fiquei feliz de saber porque vi que fiz a escolha certa…”
“As minhas sementes são escolhidas a dedo. Eu escolho, corto, e eu mesma gosto de plantar. Eu sei a base, a fundura… é a minha vida toda fazendo isso e faço porque eu gosto, eu amo trabalhar na roça".
1 dia em 1 minuto
Quer conhecer um pouco mais do trabalho dessas famílias?
A publicação Desempenho de Genótipos de Mandioca no Baixo Acre e Juruá, de autoria dos pesquisadores Celso Luís Bergo, Falberni de Souza Costa e dos analistas Lauro Saraiva Lessa e Daniel Lambertucci, traz detalhes do resultado da pesquisa.
Esta ação de pesquisa integra o projeto Mandiotec, que faz parte do Projeto Integrado da Amazônia, financiado pelo Fundo Amazônia e BNDES, em cooperação com o Ministério do Meio Ambiente.
O projeto tem como desafio promover o fortalecimento da cadeia produtiva da mandioca na região para aumentar a renda e promover qualidade de vida para famílias rurais.
Preservação que gera renda
Reportagem: Alan Rodrigues
É o baú onde está guardada boa parte da nossa sobrevivência.
Da cheia dos rios, do solo fértil e do ar puro das matas é que tiramos muitos dos nossos recursos vitais, como água e comida.
É como se a Amazônia produzisse constantemente aquilo que os homens mais precisam e entregasse de graça, sem pedir nada em troca…
Ou melhor, ela pede sim!
Por causa das ameaças à floresta…
Ela pede preservação e cuidado!
Aos recursos oferecidos pela natureza chamamos de serviços ecossistêmicos, ou seja, os serviços que o ecossistema nos oferece.
É como quando um agricultor amazônico, por exemplo, trabalha pela restauração de uma área degradada através de um Sistema Agroflorestal.
Ou quando uma comunidade indígena ajuda na saúde de rios importantes para nosso abastecimento.
Esses trabalhos agora têm garantida uma Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais (Lei 14.119/2021), aprovada no Congresso após 13 anos de tramitação.
Isso significa que os serviços feitos pelos produtores rurais na conservação dos recursos naturais podem receber pagamentos.
Era algo que já acontecia pontualmente em municípios e regiões. Mas agora com a lei, a prática é ampliada e incluída também em programas federais. A Embrapa acompanha e participa da evolução desta pauta, que ainda precisa de regulamentação.
As formações feitas com famílias agricultoras, pequenos produtores e extensionistas mostram os benefícios oferecidos pela floresta.
E dão exemplos de como adotar práticas sustentáveis e ainda aumentar a renda.
A ideia é empoderar as comunidades para que no futuro participem de projetos de pagamentos por serviços ambientais ligados ao poder público ou instituições privadas.
De quebra, ajudar na restauração do ecossistema.
As ações fazem parte do projeto ASEAM, estudo financiado com recursos do Fundo Amazônia.
Parte dos treinamentos foi coordenada pela equipe da Embrapa Territorial, que realizou o primeiro curso em Apuí, Amazonas, ainda antes da pandemia da Covid-19. O encontro reuniu 41 alunos, entre pequenos produtores rurais e indígenas do Amazonas.
Tentamos fazer com que o produtor ganhasse conhecimento suficiente para se engajar na questão de Pagamento por Serviços Ambientais, aliando uma visão de produtividade agrícola e conservação ambiental. Temos de fazer um balanço entre os dois cenários.
Pandemia gera adaptação
Com conteúdo voltado para os extensionistas, o segundo curso enfrentou os desafios impostos pela pandemia da Covid-19.
Realizado agora em 2021, o encontro teve que ser adaptado para o formato online.
As aulas contaram com a participação de 37 alunos e com o apoio do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (IDAM).
O extensionista pode atuar como ponte entre o agricultor familiar e a política pública, construindo caminhos para que o pagamento por serviços ambientais efetivamente chegue ao produtor.
Para todos entenderem do assunto!
Outra estratégia adotada pela equipe do projeto ASEAM foi promover um seminário virtual aberto a todos, com palestras e debates de especialistas.
Realizado em março de 2021, o evento Experiências em Serviços Ecossistêmicos - Amazônia online está disponível no canal da Embrapa no YouTube. É só dar play no vídeo abaixo para assistir à primeira parte.
Os vídeos trazem discussões sobre política pública e pesquisa, programas e projetos de fundações e prefeituras, Unidades de Conservação e REDD (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal).
São palestras para diferentes públicos: produtores rurais, ONGs, professores, empresas e governos.
Esperamos que tenha gostado dessa viagem audiovisual!
São tantas iniciativas legais, não é mesmo? Então compartilhe essa revista com mais gente e ajude a espalhar os resultados da ciência em favor da Amazônia!
Você também pode acessar o site do projeto para conhecer mais sobre as atividades que estão buscando melhorar a vida das comunidades e do bioma da Amazônia.
Equipe revista digital
Projeto Integrado da Amazônia
Comitê editorial:
Ana Laura Silva de Lima Costa, Antônio Luiz Oliveira Heberlê, Priscila Viudes, Renata Silva, Sabrina Maria Morais Gaspar, Selma Lúcia Lira Beltrão
Fotos:
Celso Luiz Bergo, Fabiano Estanislau, Maicon Vieira do Nascimento (Prefeitura de Cruzeiro do Sul), Mauricília Silva
Jornalistas responsáveis:
Antônio Luiz Oliveira Heberlê, Selma Lúcia Lira Beltrão
Edição e diagramação:
Amanda Santo e Gustavo Schwabe
Contato: 2vidascomunicacao@gmail.com
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