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Projeto Integrado da Amazônia revista edição 06

Seja bem-vindo!

Esta é a sexta edição da revista eletrônica do Projeto Integrado da Amazônia, uma parceria da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Neste conteúdo multimídia você vai conhecer melhor projetos importantes desenvolvidos na região da Amazônia e, principalmente, as pessoas beneficiadas pelos avanços alcançados.

Nessa edição você vai ver:

(clique nos links para ir direto para as reportagens)

  1. Pequeninos, mas fundamentais: eles não são plantas, mas também dependem da semente certa para uma produção bem sucedida;
  2. Vivendo e aprendendo: Uma história que começou com desconfiança, mas se tornou uma parceria sólida que mudou a vida de produtores de farinha no Acre.
  3. Boas práticas: Conheça as medidas que vêm deixando ainda melhor a primeira farinha a receber a Indicação Geográfica no Brasil.
Para tornar a sua leitura mais gostosa, compartilhamos uma playlist com sons da floresta. Clique no botão abaixo, ajuste seu volume e inicie essa imersão pela Amazônia:

Alevino, a semente da piscicultura

Reportagem: Maria José Tupinambá

Todo mundo sabe que antes de produzir qualquer coisa na terra, é necessário ter a semente certa. Uma semente limpa, de boa procedência, por exemplo, vai ser capaz de gerar uma plantação ainda mais bem sucedida.

Quando a produção acontece na água, não é diferente!

Nesse caso as sementes são os alevinos, peixes recém saídos da ova que, acabando de deixar a fase de larva, passam a se alimentar no ambiente externo.

Assim como na agricultura, na piscicultura também é preciso comprar alevinos de qualidade para que se alcance bons resultados no cultivo.

Quem garante é o pesquisador da Embrapa Roger Crescêncio, que defende a aquisição segura de alevinos de tambaqui como prática essencial para quem pretende investir na criação de peixes em cativeiro.

Ele diz que o piscicultor deve identificar bons fornecedores de alevinos, além de prestar bastante atenção à aparência saudável dos peixinhos, aos cuidados no transporte e nos viveiros.

“A produção de tambaqui no Amazonas já se firmou como uma cadeia produtiva altamente rentável e de grande importância”, comemora Roger.

Claro que, como toda cultura, ela deve ser trabalhada de forma profissional, com técnicas corretas desde o momento da chegada dos alevinos até a comercialização. Por isso é preciso que os piscicultores tenham acesso às informações certas de forma prática e eficiente.

Buscar informação foi o que fez o piscicultor Luiz Bonfá, do município de Rio Preto da Eva, no Amazonas.

Hoje ele sabe que uma das principais etapas para o sucesso da criação de tambaqui é a escolha dos alevinos. “É com a semente que iremos dar início ao cultivo, por isso não podemos perder tempo com animais doentes e ou fora de padrão”, ele diz.

E quanto à saúde dos peixinhos, todo cuidado é pouco. Segundo o pesquisador da Embrapa, nem sempre a boa aparência dos alevinos significa boa saúde.

“Há características que são fundamentais observar e nem sempre está acessível ao piscicultor, como por exemplo a consanguinidade (ou seja, cruzamento de reprodutores que tenham parentesco)”.

Esse é um dos principais problemas enfrentados pelos piscicultores, já que quando há reprodução de peixes da mesma família, os filhotes podem apresentar crescimento muito lento e até deformidades.

Mas existe uma forma moderna de evitar o cruzamento entre parentes:

peixes chipados!

Os peixes reprodutores recebem um chip. Na hora da reprodução, é possível identificar com segurança se existe parentesco entre eles. Dessa forma se evita a consanguinidade.

É uma espécie de carteira de identidade do animal. Desse jeito fica mais fácil fazer o controle de saúde.

O pesquisador Roger ainda traz mais dicas importantes! Ele conta quais são as características que podem ser vistas na hora de comprar os alevinos.

1) Os peixinhos precisam estar nadando ativamente;

2) Não podem apresentar lesões na pele;

3) Não pode haver qualquer ataque de fungo;

Roger também recomenda que o transporte dos alevinos seja feito nos horários mais frescos, com baixa incidência dos raios solares.

Se tudo isso for levado em consideração, significa que os filhotes estão com bastante saúde. E na hora que soltar no seu viveiro, eles irão nadar ativamente e se alimentar sem problema algum.

curso online:

Estas informações fazem parte de um curso com 9 videoaulas.

O curso é uma iniciativa da Embrapa Amazônia Ocidental (Amazonas), com recursos do projeto PEIXE-PRO, que faz parte do Projeto Integrado da Amazônia.

Produzidas por Roger junto com o pesquisador Cláudio Izel, as aulas abordam temas como construção de viveiros, qualidade de água e recria.
Além dessa atividade, o projeto Peixe-Pró realizou também cursos em municípios amazonenses sobre Cultivo de Tambaqui em Tanque Escavado, com foco em tecnologias e técnicas de manejo recomendadas pela pesquisa para o desenvolvimento da piscicultura no Amazonas.

Ou pode dar play no vídeo abaixo para assistir aqui mesmo à primeira aula:

A farinha de Cruzeiro do Sul ficou ainda melhor

Reportagem: Priscila Viudes e Mauricilia Pereira da Silva

Produtora de farinha de mandioca há muitos anos no município de Mâncio Lima, no Acre, Maria José Maciel, ou Véia como é conhecida na comunidade ficava desconfiada quando aparecia alguém da Embrapa ou do Sebrae querendo falar sobre o trabalho dela.

Eles queriam ensinar sobre as Boas Práticas de Fabricação (BPF) de farinha.

Hoje Maria José pode até dar aulas sobre as BPF: “A casa de farinha tem que ser no quintal cercado, não pode ter bicho, nem esmalte nas unhas ou brinco. Temos que usar touca na cabeça e lavar a mandioca em três águas.”

A agricultora investiu na Casa de Farinha, que era “simplezinha”, como ela conta. “Mandei serrar madeira e passei três dias doente carregando ripa, mas cerquei”.

Se valeu o esforço? Ela responde logo: “Agora o consumidor vem comprar na minha casa. Ele percebe as mudanças. Meu produto ficou melhor!”, diz Véia.

Na época que não adotava as Boas Práticas, ela vendia o saco de 50 quilos de farinha a R$ 50 reais no mercado, e agora vende a R$ 120 no quintal de casa!

Além disso, hoje ela faz parte de uma comunidade inteira de produtores de farinha que cresceram juntos.

"Tenho orgulho de ser uma produtora que adota as Boas Práticas de Fabricação de farinha, mas essa história não é só minha, foi construída a muitas mãos" .

Isso é comprovado no acompanhamento feito por pesquisadores da Embrapa Acre em localidades do Vale do Juruá.

A farinha de mandioca de Cruzeiro do Sul foi a primeira a receber a Indicação Geográfica no Brasil. E os pesquisadores garantem: ela está cada vez melhor!

A prova disso é o resultado das análises das farinhas.

Entre 2019 e 2020, as equipes analisaram 79 amostras do produto em toda a região...
e o desfecho foi pra lá de bom!

Com pequenos ajustes no processo de fabricação da farinha, conseguiram enquadrar 70% das amostras como Tipo 1 de acordo com a legislação vigente.

Os primeiros encontros foram feitos presencialmente antes da pandemia, regados a muita prosa e café. Isso possibilitou aos produtores uma reflexão sobre a prática utilizada na fabricação da farinha.

As coletas e as análises seguiram em 2020 e os resultados da última análise provaram que a conversa rendeu. Em abril de 2019, quando o trabalho começou, apenas 13% das amostras foram classificado como Tipo 1.

No final, os pesquisadores viram uma melhora significativa na classificação do produto: só 30% ficaram como “Fora do Tipo” e nenhuma amostra foi desclassificada.

A pesquisadora Virgínia Álvares explica que são avaliados aspectos como acidez, teor de fibra bruta e umidade, entre outros.

“Por ser um produto artesanal, ainda há alguns aspectos para se adequarem. Mas é esse saber fazer diferenciado que justifica o selo de Indicação Geográfica. A iniciativa não tem o objetivo de padronizar, mas fazer recomendações importantes para que o produto esteja de acordo com a legislação”.
“Achei muito interessante ver o resultado da minha farinha porque eu não tinha uma noção tão bem definida sobre os aspectos que foram avaliados”, diz o agricultor José do Nascimento Araújo, conhecido como Lira.
“Estou mais feliz porque passei no teste!”

Ele é um dos produtores que adota as Boas Práticas de Fabricação de farinha e teve uma boa classificação nos testes.

Lira foi um dos produtores rurais contemplados pelo Governo do Acre com kits de equipamentos para incrementar a casa de farinha, inclusive um forno mecânico.

BOAS PRÁTICAS DE fabricação DE FARINHA

De acordo com a ANVISA, as Boas Práticas de Fabricação compõem uma série de medidas a serem adotadas pelas indústrias de alimentos.

Elas têm o objetivo de garantir a qualidade higiênico-sanitária e a conformidade dos alimentos com os regulamentos técnicos.

Sendo a casa de farinha uma indústria de alimentos, não se pode permanecer desconsiderando essas normas pra garantir que a farinha de mandioca seja de alta qualidade e não comprometa a segurança dos consumidores.

A pesquisadora Joana Maria Leite de Souza destaca que a Embrapa tem investido muito em ações de pesquisa e transferência de tecnologias há mais de 15 anos para que hoje tenha esse nível de entendimento por parte dos agricultores.

"Como todo processo educativo, o tempo é um dos elementos que faz aumentar a noção de pertencimento por parte deles, da importância de produzir farinha com qualidade”, diz.

"Sem o consentimento, a confiança e a participação dos produtores esse avanço na qualidade da farinha não seria possível", diz a pesquisadora Virginia.

A apresentação dos resultados da farinha na comunidade do Juruá promoveu uma maior interação com os agricultores.

E as análises continuam em 2021 com a parceria do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e do Governo do Estado do Acre.

Na Embrapa, o trabalho faz parte das ações do Mandiotec, projeto que tem como desafio promover o fortalecimento da cadeia produtiva da mandioca na região Norte para aumento da renda e da qualidade de vida das famílias rurais.

Esse fortalecimento já aconteceu com a Maria José, o Lira e mais um monte de produtores de comunidades do Juruá. Hoje, eles falam com muito mais orgulho da farinha de Cruzeiro do Sul.

“Por isso eu digo que vale a pena o produtor acreditar no seu trabalho. E digo mais: se tiver boas práticas, tem preço, tem mercado”, garante a agricultora.

Esperamos que tenha gostado dessa viagem pela amazônia

Você também pode acessar o site do projeto para conhecer mais sobre as atividades que estão buscando melhorar a vida das comunidades e do bioma da Amazônia.

Equipe revista digital

Projeto Integrado da Amazônia

Comitê editorial:

Ana Laura Silva de Lima Costa, Antônio Luiz Oliveira Heberlê, Priscila Viudes, Renata Silva, Sabrina Maria Morais Gaspar, Selma Lúcia Lira Beltrão

Fotos:

Felipe Rosa, Jefferson Christofoletti, Siglia Souza

Jornalistas responsáveis:

Antônio Luiz Oliveira Heberlê, Selma Lúcia Lira Beltrão

Edição e diagramação:

Amanda Santo e Gustavo Schwabe

Contato: 2vidascomunicacao@gmail.com

Para comentários ou mais informações, fale com a gente:
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