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PONTO DE VISTA

Ponto de vista: [substantivo masculino] Lugar onde fica o observador ou quem pretende ver.

De onde vêm esses olhos e para onde vão? O que querem ver?

Coloque-se de trás para frente, de ponta cabeça, de baixo para cima, todas as direções.

Veja o que te rodeia, coisas que não estão dispostas somente ao lado. Tem céu e tem chão! Sobre a cabeça mais que aviões, sob os pés mais que caminhões.

Caminhe contra o vento, sinta até mesmo o que não se pode ver. É belo seu esmiúço, são tantas partes de tantos lugares. Já tentou imaginar alguma?

De onde essa folha vêm? O que ela tem a dizer? Suas marcas são de duras penas? Ou de aventuras e fugas?

Ela já foi sombra de algum som, já foi balanço sob algum sol. Protegeu frutos talvez? Seria felicidade? Agora é livre!

Não tão livre, para continuar voando precisa que haja vento sem parar!

O homem se assemelha tanto ao homem... Contemple este ponto de vista.
Observe a face turva, com o olhar tentado e atento..
O tempo deixa tantas marcas externas, imagine as de dentro.
Por que belo é tudo quanto agrada desinteressadamente?

Qual é o início e o fim? Do pó viemos, ao pó voltaremos?

Nasce, cresce, produz, envelhece e desfalece. É o ciclo de uma flor até seu fim? É leve, mas tem a vida breve.

Mesmo assim, nos agrada, desinteressadamente. O que tem em nós de flor, o que tem de flor em nós?

" A felicidade é como a gota de orvalho numa pétala de flor. Brilha tranquila, depois de leve oscila e cai como uma lágrima de amor"- Tom e Vinicius.

Brevidade de flor é o que há em nós, e brevidade de nós é o que há em flor. "Vita brevis, ars longa!".

Você olha e "desinteressadamente" alcança...
Alcança você do início, sua parte remota debaixo dos teus galhos secos e quebrados pela agressividade do fim.
A natureza se assemelha tanto ao homem...Contemplem este ponto de vista, homens do fim do mundo.
"A vida tem sido água, fazendo caminhos esguios. Se abrindo em veios e vales, na pele leito de rio"

De onde vêm esses olhos e para onde vão? O que querem ver?

Olhe bem pra essa curva, é a mesma de um riso raso e roto de uma boca muda disfarçando o desgosto.

Nada é em nós se não a natureza. Ir ao seu encontro nos revela partes de nós que o cinismo escondeu e a maldade arrancou.

É prazer universal contemplar o remoto, onde a sociedade moderna ainda não turvou, onde o homem do fim do mundo ainda não chegou.

A vida sempre será rios e vales. Não se esqueça que seus olhos são as janelas da alma, e através deles ela procura alcançar sua beleza no pouco da existência que lhe resta.

Veja o que te rodeia, coisas que não estão dispostas somente ao lado. Tem céu e tem chão!

Existir: [verbo intransitivo] ter existência real, ter presença viva; viver, ser.
Respeite a existência!

Para reconstrução poética, referências de: Caetano Veloso, Immanuel Kant, Antônio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, Sebastião Salgado e Pitty.

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