Um Chá na Escócia

Sou uma leitora assídua de literatura estrangeira e apaixonada por livros. Em minhas leituras, por duas vezes me surpreendi com obras diferentes e até pedi em oração que Deus nunca permitisse que eu fosse embora desta vida sem que terminasse de ler o livro, pois eu não suportaria saber que na cabeceira da minha cama teria ficado uma obra com um marcador entre as páginas sinalizando que a leitura ainda não estava concluída.

A primeira surpresa foi com os títulos da saga de Harry Potter, que descobri por pura curiosidade e me encantei com os detalhes da obra. Viajei para minha infância, e como gostaria que esses livros tivessem feito parte dela e de todas as crianças daquela época. Com certeza teríamos tido mais paixão por leituras.

"Pedi em oração que Deus nunca permitisse que eu fosse embora desta vida sem que terminasse de ler o livro."

A segunda surpresa foi quando comprei um best-seller com o título de “Os catadores de conchas”, de Rosamunde Pilcher. Comecei a ler e me apaixonei pela maneira de escrever desta senhorinha inglesa, retratando a beleza da Cornualha e da Escócia. Eu simplesmente devorei o livro.

Toda vez que ia à livraria tinha que sair com pelo menos um livro dela e ficava entristecida quando entendia que a leitura estava chegando ao final. Ao começar a ler “O regresso”, fiquei feliz, pois o livro tinha mais de mil páginas, o que me confortou, mas em menos de uma semana, quando cheguei próximo do fim, me perguntei por que não tinha dez mil páginas.

"Comecei a ler e me apaixonei pela maneira de escrever desta senhorinha inglesa, retratando a beleza da Cornualha e da Escócia."

Os livros dessa escritora me faziam acordar durante a noite pensando na história e eu levantava escondida de madrugada para continuar a leitura.

Em pouco tempo já havia lido todos os lançamentos e ela já não escrevia mais. Em agradecimento e respeito por tudo de bom que eu havia lido, adquiri todos os títulos que pude, até aqueles em começo de carreira, sem grandes histórias.

"Em agradecimento e respeito por tudo de bom que eu havia lido, adquiri todos os títulos que pude..."

Às vezes ainda me pego garimpando nas prateleiras das livrarias à procura de seu nome na esperança de tomar um chá com ela na Escócia, com uma nesga de sol aquecendo as costas, sentindo o vento no rosto e o cheiro dos rododendros em flores, da mesma forma que sempre me senti em cada uma de suas obras.