Muralismo na Mauá Região portuária ganha maior grafite do mundo
Texto e fotos de Kelly Lima
Mais do que apenas um projeto de grafites para a nova geografia urbana da zona portuária do Rio, os painéis que ocupam as fachadas e imprimiram cores à outrora cinzenta zona sub perimetral, tornaram- se centros gravitacionais não só dos selfies contemporâneos, mas já podem ser considerados como uma Gegen Den Heideggeriana.
A expressão, cunhada pelo filósofo alemão Martin Heidegger em seus estudos tardios sobre as obras de arte e sua relação com o espaço que ocupam, abarcam ou guardam em si, a Gegende, ou Gegen Den, pode ser considerada como uma região de encontro.
Para Heidegger, as obras de arte não ocupariam apenas um lugar, mas seriam lugares em si, abrindo ao seu redor, e a partir de si mesmas, toda essa região de encontro, que compreende em si não somente a ideia de encontrar o outro, mas de ir contra, ou seja, o confronto que coexiste no referido encontro.
Num tempo em que as críticas ao projeto olímpico, as questões sobre o seu real legado, e as denúncias de abusos na realocação de moradores para dar lugar às instalações e a nova infraestrutura, convivem com o encantamento do carioca, e dos turistas nacionais e estrangeiros, com a região outrora sucateada e mal-cheirosa.
Com o megapainel do artista Kobra, que se pretende como o maior a céu aberto do mundo – em seus extensos 3.000 metros quadrados para representar os povos tribais dos cinco continentes – ou com a instalação Inside Out, do artista francês JR, que prevê a colagem lambe-lambe de retratos gigantes de pessoas que por ali passam, ou qualquer outro dos murais grafitados, sejam ele poéticos, políticos, geométricos, coloridos, abstratos... Sim, o Rio de Janeiro ganhou sua “Gegen Den tropical”. Curtam. Critiquem. Mas, admitam, é impossível ignorar e, porquê não?, admirar.






