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Imagens de uma Zululândia Pós-Moderna por Juliana Braz Dias

Este ensaio fotográfico é produto de uma investigação sobre as chamadas indústrias criativas, capazes de articular critérios estéticos e políticos a uma lógica de mercado. As imagens aqui retratadas remetem a um empreendimento turístico localizado no coração de KwaZulu-Natal, na África do Sul. Shakaland, como é denominado, pretende ser um convite aos turistas a experienciar o que seria a vida tradicional Zulu, em um hotel construído a partir do que restou do set de filmagens da minissérie Shaka Zulu. Tal “aldeia cultural”, com similares em outras tantas partes do mundo, provoca reflexão sobre temáticas caras à antropologia, como os conceitos de “autenticidade”, “cultura” e “tradição”. Permite também observar a releitura de velhos estereótipos e sua ressignificação na pós-modernidade. Recentemente, o local serviu como um dos sets de filmagem de Black is King, álbum visual da cantora Beyoncé.

Ao se hospedar em Shakaland, o turista deixa para trás a vida nervosa das cidades e é tocado pela tranquilidade de uma área rural sul-africana. Essa “aldeia cultural” propõe-se a oferecer aos turistas “uma experiência Zulu completa”.
Os turistas ficam hospedados no que seriam “habitações Zulus tradicionais”. A rústica aparência exterior esconde quartos bem equipados, anunciados como “acomodações de primeira classe”.
Pela manhã, ao deixar seu quarto, o hóspede se depara com a encenação da vida rural, ao som de galinhas cacarejando e com a presença do gado, elemento de grande importância material e simbólica entre os Zulus.
O palco para a encenação da vida Zulu se completa com a chegada dos moradores/atores. Cuidadosamente caracterizados com o que seria o vestuário tradicional Zulu, homens e mulheres se preparam para um dia de muitas atividades.
Na manhã fria, mulheres caminham pela aldeia mostrando aos turistas supostas práticas tradicionais femininas.
Ao longo do dia, as “atividades culturais” continuam. Enquanto homens demonstram a habilidade no uso de escudos e lanças, mulheres preparam a exposição de objetos a serem posteriormente vendidos aos turistas.
Compõe o roteiro uma breve demonstração de como se produz o “umqombothi” – a cerveja tradicional Zulu, de aroma forte, consumida em contextos rituais.
Enquanto hospedado em Shakaland, o turista tem ainda a oportunidade de visitar um “inyanga”, curandeiro tradicional. Nesse ambiente misterioso, completa-se a “experiência Zulu”.

Ciclo de Ensaios Fotográficos

O ensaio exposto é um dos 13 trabalhos selecionados em 2020 para o Ciclo de Ensaios Fotográficos promovido pelo IRIS - Laboratório de Imagem e Registro de Interações Sociais.

Através de oficinas, ciclos de mostras, apoio a projetos de pesquisas, atividades de ensino e empréstimo de equipamentos a professores, pesquisadores e estudantes vinculados ao Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília, o IRIS estimula a capacitação e a produção de conhecimento acerca da relação entre a prática antropológica e o uso da linguagem audiovisual e fotográfica em várias dimensões.

Se você faz parte da comunidade do DAN e deseja empregar os recursos técnicos e a linguagem fotográfica ou audiovisual em sua pesquisa, venha nos conhecer.

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