Uma Reescrita

Eu não tenho muita certeza de como comecei a me interessar por livros – apenas sei que não foi por acaso. Mesmo sem ter muitos incentivos externos, não me faltava curiosidade quando eu frequentava a casa de familiares e via estantes e prateleiras lotadas de histórias que eu não fazia ideia sobre o que eram.

Sempre tive uma personalidade reservada, mesmo quando era bem nova. Comecei a ficar com vontade de ter meus próprios livros depois que li o exemplar de Fala sério, amiga!, da Thalita Rebouças, emprestado de uma colega de escola. A partir daí, foi um caminho sem volta: os livros entraram de vez na minha vida e eram, quase sempre, uma fuga da realidade. Eu lia até mesmo na sala de aula, um lugar que fazia eu me sentir reprimida e deslocada por causa do meu jeito muito tímido.

"A partir daí, foi um caminho sem volta: os livros entraram de vez na minha vida e eram, quase sempre, uma fuga da realidade."

O interesse foi evoluindo até que, já no ensino médio, perguntei para uma amiga que também amava ler por que a gente não criava um blog para falar sobre as histórias que nós amávamos e discutíamos com tanta frequência. Incrivelmente para mim, ela aceitou – e foi assim que nasceu o Uma Reescrita, a melhor parte da minha vida atual. Ele ainda não se chamava assim e era muito diferente do que é hoje, mas eu sempre amei do mesmo jeito. Logo de início eu soube que ele continuaria ali por muito tempo, mesmo que nem sempre a gente consiga manter a frequência de posts que consideramos ideal.

"E foi assim que nasceu o Uma Reescrita, a melhor parte da minha vida atual."

Falar sobre aqueles vários mundos que eu encontrava nos livros acabou fazendo com que eu quisesse modificar o mundo em que eu vivia e mudar o rumo de algumas coisas. Foi assim que decidi de uma vez por todas desistir de prestar vestibular para algum curso de exatas, área com a qual sempre me identifiquei na escola, e acabei em jornalismo quase que por acidente. Nunca me imaginei trabalhando como jornalista – vide minha personalidade introvertida. Mas, na semana em que escrevo este texto, estou trabalhando pela primeira vez na Bienal Internacional do Livro de Alagoas, o maior evento cultural do estado onde nasci e cresci. Sou monitora na equipe de comunicação, e estou atuando na redação e nas redes sociais do evento. Ainda não me sinto completamente acolhida pelo curso que escolhi, muito por causa da falta de uma personalidade mais extrovertida que me deixe mais confortável, como mencionei alguns parágrafos atrás – mas com certeza não me arrependo das decisões que tomei devido à influência dos livros. E também tenho certeza de que não é por acaso que a minha primeira experiência profissional está acontecendo enquanto estou rodeada por eles.

"Mas, na semana em que escrevo este texto, estou trabalhando pela primeira vez na Bienal Internacional do Livro de Alagoas, o maior evento cultural do estado onde nasci e cresci."

Biografia

Me chamo Jennifer Macieira, sou de Maceió, a capital do estado de Alagoas, e tenho 20 anos. Estudo Comunicação Social com habilitação em Jornalismo na Universidade Federal de Alagoas e amo conhecer lugares novos – pessoalmente e através dos livros. Foi por causa deles que criei um blog chamado Uma Reescrita, onde compartilho tudo sobre o que leio e o que me inspira. Livros contemporâneos e de poesia terão sempre preferência na minha estante, com destaque para Mar da tranquilidade, Outros jeitos de usar a boca e Somos guerreiras – este último por ressaltar os diversos aspectos em que as mulheres demonstram sua força, incluindo a escrita.