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A COVID-19 NO MEIO JORNALÍSTICO O novo coronavírus tem mudado a vida pessoal e profissional da grande maioria das pessoas. Com o jornalista, isso não é diferente. A profissão é uma das que estão na linha de frente em tempos de pandemia

O novo coronavírus (Covid-19) teve seus primeiros casos registrados em janeiro deste ano na província de Wuhan, região central da China. Rapidamente, por lá, mais de 3.500 pessoas morreram devido ao vírus, que teve início em um mercado de animais vivos, famoso na região.

No fim do mesmo mês, o primeiro caso foi registrado em outro continente. Na Europa, a França foi o primeiro país a registrar um infectado Quando isso aconteceu, as autoridades rapidamente decretaram o fechamento de vários países e cancelaram a ponte comercial com a China.

O vírus, com uma capacidade de contágio raramente vista pelos estudiosos, fez sua primeira vítima no Brasil no dia 25 de fevereiro. O infectado foi um idoso de 65 anos, que havia voltado da Itália no dia 21 do mesmo mês.

Com o passar do tempo, quando os agentes das áreas de saúde descobriram como o vírus era transmitido e quais os cuidados que precisavam ser tomados por todos os cantos do mundo para que a Covid-19 não progredisse, as mudanças chegaram.

Não era mais permitido sair. Quarentena. Isolamento social. As pessoas de todo o mundo não imaginavam que um dia iriam viver tal situação. Principalmente, os brasileiros. Por aqui, nunca foi comum ficar trancafiado dentro das casas por muito tempo, sem sair para realizar as atividades rotineiras como o trabalho ou estudos, ou mesmo encontrar os amigos.

“Já são quase quatro meses de isolamento e hoje este continua sendo o único remédio cientificamente comprovado que ajuda a evitar a propagação do vírus. Enquanto não tiver uma vacina, vamos ter que nos acostumar com o distanciamento social” - João Vidal de Moraes, médico

No Brasil, ninguém imaginava que chegaria um momento em que todos precisássemos ficar em casa e que, além disso, necessitássemos sair às ruas usando máscaras. Víamos os orientais usarem máscaras o tempo todo pela televisão e pensávamos: “Nossa, que desnecessário!”. Corretos estavam eles…

Jornalismo

As mudanças atingiram muita gente, não somente as pessoas que perderam seus entes queridos por causa da Covid-19. Nunca foi registrado um número tão alto de pessoas trabalhando e estudando em casa. Com isso, várias profissões precisaram mudar. Uma delas foi o jornalismo, pois desde o início está na linha de frente para levar informação ao público.

A atuação do profissional de jornalismo mudou em vários quesitos. Uma dessas principais alterações foi a não necessidade de sair de suas redações — ou mesmo casas — para realizar a apuração dos fatos. Agora, com o advento da tecnologia, uma aliada antes nunca vista para o comunicador, é possível colher todas as informações e repassar ao público através de qualquer meio de comunicação.

Isso já era feito anteriormente, principalmente como alternativa para o corte de gastos das redações. Contudo, com a chegada do coronavírus, a incidência desse tipo de apuração foi muito maior. Além disso, existe um uso contínuo de entrevistas através de videochamadas em tempos de pandemia. Isto é, se o jornalista precisa ouvir um especialista, ele não precisa se colocar em risco e colocar o entrevistado em risco indo até o encontro da pessoa. Não é preciso. Por meio de uma entrevista rápida por vídeo, tudo tem se resolvido.

“Estamos trabalhando muito com vídeochamadas. Se não fosse por essa tecnologia, acho que seria bem difícil colher as entrevistas das fontes. As pessoas estão com muito medo de nos receber em suas casas. Os aplicativos nos ajudam muito nesse sentido. Isso diminui, também, o risco de contaminação em nós jornalistas” - Kaíque Dias, repórter da TV Gazeta
Minha rotina foi alterada completamente. Desde o início da pandemia, estamos trabalhando de casa, não tendo mais contato caloroso da redação, estamos nos comunicando de forma online. Acho que teremos mudanças drásticas neste nosso normal, com o home office podendo ser adotado em alguns casos.” - Matheus Foletto - repórter do Folha Vitória
“Percebemos, logo no início, o medo das pessoas em receber nossas equipes em casa, mesmo com todo o protocolo que adotamos como o uso de um microfone exclusivo para as fontes, álcool em gel e máscara. Por isso, temos realizado muitas chamadas por vídeo. Na minha opinião, essas ligações por aplicativo são um caminho sem volta para a nossa profissão” - Thayná Dias, produtora da TV Tribuna

Interação

No ponto de vista do jornalismo colaborativo, em tempos de coronavírus, a participação do público tem sido essencial. Com um celular, o leitor ou telespectador consegue registrar um fato através de vídeo, foto ou até mesmo relato para que o jornalista possa usar as informações na produção do conteúdo. Apesar disso já acontecer há algum tempo, a incidência desse tipo de participação tem aumentado.

O repórter Vitor Zucolotti, da TV Tribuna, complementa a fala da produtora Thayná Dias, explicando o passo a passo da marcação da entrevista e o processo de chegar até a pessoa. Além disso, Zucolotti fala a respeito das videochamadas, assunto tão abordado no meio jornalístico em tempos de coronavírus.

Confira o depoimento na íntegra:

A jornalista Glacieri Carraretto destaca que a pandemia trouxe inúmeros desafios para a profissão, como a impossibilidade de se apurar os fatos presencialmente, afetando a qualidade na produção da notícia. Segundo ela, o futuro da profissão passa pelo jornalismo colaborativo, com o auxílio de toda a população. “As pessoas têm colaborado bastante, por whatsapp, telefone e email. Estamos na mesma tempestade e as pessoas querem ajudar a denunciar o que está errado, a cobrar das autoridades competentes”, afirmou.

Veja o depoimento da repórter:

REPORTAGEM

Eduardo Maia, Gustavo Andrade, Mariana Martinez e Pedro Sarkis

PRODUÇÃO

Eduardo Maia e Pedro Sarkis

EDIÇÃO DE VÍDEO

Gustavo Andrade

DESIGN

Mariana Martinez