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Caranguejo: a garra da cultura sergipana O caranguejo na sua trajetória cultural, das mãos que tiram do mangue até as mãos que transformam em arte.

O caranguejo é considerado um propulsor da cultura no estado de Sergipe, e não está associado apenas à culinária, mas sim ao trabalho, arte e turismo. Estampado em cartões postais esse crustáceo atrai os olhares de pessoas de todos os lugares do país. Não é estranho alguém questionar o motivo desse sucesso, em Aracaju já ganhou duas semanas de festa, o Festival do Caranguejo, um evento gastronômico totalmente direcionado ao caranguejo que oferece aos seus visitantes diversos tipos de pratos como: patola, unha, casquinha, fritada, arrumadinho, ensopado, caldo, moqueca, pastel, croquete e coxinha, todas as possibilidades gastronômicas em um só lugar. O festival englobou gastronomia, cultura, história, educação ambiental, aprendizado, diversão e arte.

Segundo dados de uma pesquisa feita pelo Ministério do Turismo, a cidade de Aracaju foi construída em diversas áreas de manguezais e trechos do rio Sergipe que foram tomados pela cidade e apesar de ser o menor estado do Brasil, Sergipe conta com 1,17% de sua área coberta por manguezais, o equivalente a 250 metros quadrados de florestas e a pesquisa continua citando o mangue como um complexo ecossistema de transição entre o ambiente terrestre e marinho e um dos mais ricos do planeta, inclusive para a exploração sustentável de atividades turísticas. O caranguejo, por sua forte influência econômica é um dos mais disputados pelos pescadores e catadores de mariscos e crustáceos.

É fato que o caranguejo é símbolo da cultura sergipana, na orla de Atalaia, o crustáceo ganhou uma passarela, com o nome “Passarela do Caranguejo”, em quase toda a extensão da orla. Esse local abriga 12 restaurantes oferecedores do crustáceo como o prato principal, o lugar também abriga uma estrutura de caranguejo gigante. Essa imagem mostra a beleza de uma cultura passada, desde quem trabalha catando, até quem transforma em alimento e arte. Aracaju é considerada a terra do caranguejo, segundo a Abrasel, Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Sergipe, a capital sergipana possui cerca de 400 restaurantes que o possui em seu cardápio, porém, por ser o carro-chefe na identidade cultural do estado enfrenta alguns problemas, principalmente no seu habitat natural: os mangues. Diversas questões ambientais, como poluição e desmatamento, e até construções civis contribuem para a redução das zonas de manguezais saudáveis para o crustáceo, esse problema atinge todos os aspectos relacionados a ele, como o trabalho, a gastronomia, o turismo e a economia.

Animal de características fortes e marcadas, gerador de cultura e tradições. Fotografias, marcas, pratos, trabalhos, meio de sobrevivência, músicas, projetos, o caranguejo é influente na sociedade sergipana, um animal de estatura pequena, mas capaz de movimentar grandes meios comerciais. Como já mencionado, esse pequeno animal também enfrenta as mazelas tanto econômicas quanto ambientais, mas não sofre crise de perda cultural, é de fato marca registrada do estado sergipano.

As cidades mais populares de Sergipe, conhecidas pelo trabalho com o crustáceo são Santa Luzia do Itanhy, localizada na zona agreste, banhada pelos rios Piauí e Piauitinga e dona de umas das principais reservas remanescentes de Mata Atlântica do estado. E Aracaju, capital sergipana localizada na zona litorânea, banhada pelo rio Sergipe e pelo oceano Atlântico, também possui áreas conservadas da Mata Atlântica. Porém, não só essas duas cidades contribuem para a cultura do caranguejo, dado que o Movimento das Marisqueiras, sustentado pelo PEAC, se encontra, no total, em 12 municípios sergipanos.

O QUE É PEAC?

O Programa de Educação Ambiental com Comunidades Costeiras (PEAC) é um dos projetos que tem grande importância na mitigação dos impactos socioeconômicos causados pelo grande empreendedorismo e pela exploração de petróleo e gás. Tendo como principal viés social a ampliação do debate sobre a educação ambiental crítica na sociedade, o PEAC tem, gradativamente, agendado debates com grupos sociais que são diretamente impactados por esse modelo de exploração, como por exemplo as marisqueiras. Desse modo, de forma crítica, transformadora, emancipadora e dialógica, o projeto pretende alterar práticas que diariamente vão de encontro com as questões ambientais.

“É uma Relação respeitosa e sustentável com a natureza.”

Génesio José dos Santos, professor e Vice-diretor do Departamento de Ciências Humanas da Universidade Federal de Sergipe e ex-coordenador do PEAC, contou um pouco sobre seu contato com o trabalho das marisqueiras. Genésio afirmou que o trabalho delas se encontra em estado de vulnerabilidade pela grande degradação ambiental dos mangues, criada pelo crescimento urbano, e pela atividade de carcinicultura - criação de peixes e camarões em tanques - desenvolvida pelos grandes empreendedores. Essa prática, apesar de parecer inofensiva, utiliza-se de produtos químicos para fazer a limpeza dos tanques. Posteriormente a esse processo, os resíduos são despejados nos rios e, ao chegarem a sua foz, são conduzidos aos manguezais, prejudicando a multiplicação das espécies que vivem nesse ecossistema – dentre elas, o caranguejo. Genésio conta que em um dos trabalhos desenvolvidos pelo PEAC, foi descoberto o uso de veneno contra carrapatos na limpeza desses viveiros, fato que atinge diretamente o meio ambiente, as marisqueiras e os consumidores desse produto.

Por outro lado, na prática da mariscagem, não são utilizados produtos químicos algum. Essa forma de trabalho artesanal tem grande respeito para com o meio ambiente e reconhece a importância desse para o desenvolvimento da própria atividade. A observância ao período de caça ao caranguejo também é respeitada pela comunidade marisqueira, coisa que não ocorre com os grandes empreendedores.

O geógrafo conta ainda que existe o adensamento de estuários fluviais na costa sergipana, favorecendo assim a presença de manguezais e, consequentemente, da espécie caranguejo no nosso litoral. No entanto, apesar de Aracaju ser uma área propicia a esse ecossistema, ele chama atenção para o declínio desse adensamento em decorrência da degradação ambiental.

O grande número de construções civis, inclusive as realizadas pelo governo, e a inobservância das áreas de mangue na capital sergipana também são preocupantes. “Eles não tem sensibilidade para lidar com o meio ambiente. O importante para eles é construir”. Genésio afirma que existe uma preocupação muito grande dos engenheiros civis em construir e acabam por esquecer os impactos ambientais causados pelas construções. Para ele, é imprescindível que sejam observados os ambientes naturais que circundam a cidade antes de qualquer edificação.

MÃOS QUE CATAM

''Se o mangue um dia chegar a faltar, a gente passa fome.''

Em entrevistas concedidas pelas pescadoras artesanais (profissão popularmente conhecida por marisqueira), Assilene Tavares de Santos, 51 anos, ex-representante das marisqueiras do Povoado Pontal, uma das doze comunidades integrantes do programa PEAC e por Joseilde Borges dos Santos, conhecida como Mãezinha, atual representante das pescadoras no povoado de Areia Branca, elas falam sobre a vida no mangue e de qual maneira enxergam a importância da profissão na construção da cultura e da economia sergipana. Cientes da relevância do ofício que desenvolvem e apaixonadas pelo que fazem, elas tocam em pontos importantes a respeito dos conflitos que envolvem a atividade da mariscagem.

Consequências da degradação

O trabalho dessas marisqueiras vem se tornando cada vez mais instável por causa da degradação ambiental, e por esse motivo, algumas precisam sair de um povoado para outro, atrás dos mariscos. Nos locais onde o mangue apresenta-se poluído, a atividade não pode ser desenvolvida, pois além de ocasionar o desaparecimento dos crustáceos, a contaminação do local torna mais vulnerável a saúde dos trabalhadores, normalmente submetidos à condições precárias de trabalho diariamente.

A importância da preservação dos mangues

O caranguejo é apontado como um ícone da cultura sergipana. Não à toa, é possível encontrar facilmente, em todo o estado e principalmente na capital, sua presença na culinária, na arquitetura, no artesanato e em mercadorias voltadas para o turismo. Entretanto, antes de alcançar esses destinos, eles passam pelo mangue, seja pela forma de extração — para chegar até os restaurantes— , ou seja pela influência dos valores que se encontram impregnados na cultura da mariscagem, que acabam influenciando diversos aspectos da própria cultura sergipana. A preservação dos mangues desempenha um papel fundamental na manutenção da atividade das marisqueiras, que por sua vez, desenvolve valorosa contribuição na construção de valores culturais presentes no estado de Sergipe. "Nossa atividade é muito importante, são raízes que precisam ser preservadas", diz Assilene, ressaltando a relevância da profissão. Também é importante relembrar, além do valor cultural, a influência econômica desse trabalho, que é um dos grandes responsáveis por movimentar parte da economia do estado.

Do mangue à mesa, o valor emocional

O procedimento de extração dos crustáceos da natureza até sua comercialização é feito em etapas. As marisqueiras não vendem diretamente para o mercado, os responsáveis por esse processo são os chamados atravessadores, pessoas que compram os crustáceos e distribuem no comércio. O lucro dos pescadores artesanais é pequeno, mas quando os crustáceos chegam ao mercado, são vendidos por um alto valor, e ironicamente, os marisqueiros que dedicam suas vidas ao mangue, a cultura do caranguejo, e são os grandes responsáveis pela existência dos mariscos nos cardápios dos pequenos e grandes centros gastronômicos, quase nunca desfrutam do produto da forma que são apresentados nos restaurantes. Apesar disso, o amor pela profissão pode ser percebido nos olhos e nas palavras dessas mulheres, que vêem o mangue para além do seu valor econômico e cultural, mas depositam nele, toda uma dependência emocional. Quando questionadas sobre o seguimento de outra ocupação, Joseilde afirma com clareza que não deixaria a mariscagem, pois se sente livre. Assilene complementa com a seguinte afirmação: "O tempo de mangue era muito bom. Era aquela coisa que você não tinha o que comer, mas era feliz."

O sustento que vem da lama

É lá, no mangue, no meio da lama, que essas mulheres tiram o sustento de todos os dias. Por meio da pesca artesanal, as marisqueiras conseguem o alimento para si e para toda a família. Assilene conta que às vezes não tinha nem farinha para comer, então eles tiravam o coco do pé, e comiam com os mariscos. Ela ressalta que apesar da falta de alimento, os crustáceos estavam sempre lá, para salvá-los da fome. Na falta da carne, elas superavam a escassez de comida com o siri, o peixe e o caranguejo. "Se o mangue um dia chegar a faltar, a gente passa fome.''

Tradição que vem de berço

A cultura da mariscagem é passada de geração em geração, e muitas dessas mulheres, nasceram e cresceram no mangue, aprendendo desde cedo o ofício da pescaria artesanal. Dessa forma, elas continuam passando aos seus familiares, tudo o que aprenderam e o desejo de seguir preservando uma cultura que carrega consigo, marcas e histórias que construíram a personalidade de um povo, o "povo do mangue". "A gente nasceu dentro da água. Fomos gerados e nascidos dentro da água." Assim, as mãos que catam são as grandes responsáveis por influenciar as mãos que comem e também as mãos que produzem arte.

MÃOS QUE COMEM

A Passarela do Caranguejo, famoso ponto turístico localizado na Orla de Atalaia, Aracaju/SE, em toda sua extensão conta com restaurantes e bares de gastronomia diversificada. Conta também com uma estrutura em forma de caranguejo. Todos os dias, principalmente em períodos festivos, abriga nativos e turistas brasileiros.

Cidade construída sobre um manguezal, Aracaju preserva e expõe a cultura regional através desse espaço de agregação entre turismo e consumo voltado ao caranguejo, esse local é marca registrada e capa de cartões-postais da cidade.

Por trás dessa vitrine que homenageia uma das principais e mais populares iguarias aracajuanas, existe todo um trabalho responsável por fazer o caranguejo ser um dos símbolos culturais mais importantes de Aracaju, o trabalho das catadoras, os atravessadores, os compradores e as mãos que preparam o caranguejo para virar o prato mais procurado nos restaurantes da Passarela.

A cultura que alimenta

Os atravessadores são os responsáveis pelo abastecimento do caranguejo aos restaurantes da Passarela do Caranguejo, eles vão até as comunidades das marisqueiras e catadores e compram os caranguejos para revendê-los aos estabelecimentos.

Gosto peculiar e sergipano, o caranguejo é o prato mais popular e buscado pelos turistas e conterrâneos, atrai pessoas curiosas pelo sabor e pela cultura. Em um restaurante famoso da capital sergipana localizado na Passarela, por semana saem mais de 5.000 pratos de caranguejo por semana, segundo Sérgio Piter, 42 anos, garçom do estabelecimento há cinco anos. “Os turistas apreciam a carne, eles vem aqui com curiosidade para comer e para aprender a comer. Tem gente que quer comer o caranguejo porque diz que é uma terapia”, conta Sérgio sobre os turistas e consumidores do caranguejo.

Cultura que alimenta não só quem come, mas alimenta o comércio, gerando e mantendo empregos, desde quem cata e cozinha, até quem serve. “Sinto muito orgulho, é satisfatório ensinar as pessoas a comer o caranguejo, pois faço parte disso e gosto porque é meu dom”, completa Sérgio com satisfação por fazer parte da disseminação da cultura do caranguejo.

Cultura nos olhos de quem vê

A escultura do grande caranguejo da Orla de Atalaia, inaugurada em 2014 e apelidada de “Caranguejaço” pelos conterrâneos, é considerada um importante ponto turístico da capital sergipana. Com exatos 7 metros de comprimento por 2,30 de altura, a escultura encanta quem passa por perto. Do norte ao sul do país, turistas são cativados pela beleza do “Caranguejaço” e afirmam ser impossível visitar a capital e não registrar o momento. Maria das Graças e seu filho Lucas, ambos de Campinas, contam que a orla sergipana é simplesmente incrível e que a escultura é um símbolo de toda cultura do estado.

Ary Marques Tavares foi o responsável pela produção da escultura. Utilizou argila e fibra de vidro para a produção e tinta automotiva para a pintura. Desse modo, o “caranguejaço” exterioriza a força de resistência dos crustáceos presentes nos mangues sergipanos.

MÃOS QUE FAZEM ARTE

Revelada a importância cultural de todo o processo que envolve o crustáceo, desde a sua retirada do habitat natural até aos famosos bastões, sob as mesas dos restaurantes na Passarela mais conhecida da cidade, agora é hora de conhecer além da cata do caranguejo, a arte inspirada em todo esse universo cultural.

O caranguejo nas mãos de quem produz arte

Os conhecimentos sobre essa espécie e tudo o que está ao seu redor pode se concretizar na arte. Em forma de grafitti, música e ilustração, o caranguejo é responsável pela mensagem que todos querem transmitir.

Como representantes da conscientização e preservação do mangue, três jovens da cidade de Santa Luzia do Itanhy construíram e desenvolveram, há dois anos, a Casa Do Cacete (CDC), uma microempresa parceira do Instituto de Pesquisas em Tecnologia e Inovação (IPTI), com o propósito de propagar produtos (camisas e ilustrações) de resistência da cultura do mangue, conscientizando o mundo sobre sua importância.

Os jovens luzienses Denilma da Conceição Santos 29 anos, Genisson Cardoso da Conceição 22 anos e Matheus Glaudiston Pereira 20 anos, são filhos de pescadores e sempre conviveram em meio aos afazeres do mangue, mas chegou o momento em que as garras da geração passada já estavam distantes da realidade que os jovens sonhavam, e então foi necessário trabalhar de uma forma diferente com o espaço, o qual é meio de sobrevivência e renda familiar para a grande parte do povo de Santa Luzia do Itanhy.

Fonte: Isabele Ribeiro, Daniel Moraes e Arquivo Casa Do Cacete

Exploração dos crustáceos por um novo ângulo

A beleza inestimável e as formas únicas do ecossistema costeiro— sobretudo suas espécies— encantam facilmente as pessoas. Através desse fascínio, Genisson e Matheus, encontram a possibilidade de transformar a realidade local ao recorrerem à exploração visual do mangue, como afirmou Genisson “antes de abrirmos a CDC, éramos pescadores, esse costume foi passado pelos nossos pais, e hoje em dia a gente mantêm a mesma cultura de explorar o mangue, só que de outra forma”.

Apesar da poluição e do desmatamento serem graves problemas em todos os aspectos, como já visto, essa situação promove atitudes que buscam por melhorias, sempre com a preocupação da manutenção do mangue. Tal como relevou o ilustrador Matheus, “vejo que a coleta dos crustáceos em excesso contribui para o desmatamento da vida, isso me motivou a explorar o manguezal através da arte, levando uma mensagem de conscientização da preservação”. É importante ressaltar que embora exista a extração dos caranguejos, somente sua beleza está em jogo, os desenhos são feitos mantendo-os vivos e livres. Também contou o artista visual, Genisson, “é a forma que encontramos de manter a cultura, mas de forma sustentável. Por isso que ensinamos crianças e adolescentes locais, para também mudarem a sociedade e começarem a extrair o manguezal de forma sustentável”.

Do manguezal para o mundo

Uma vez que a prática da cata de caranguejos influencia tanto na economia, na vida e na cultura de uma comunidade, a evidência de outras utilidades do manguezal supera as expectativas. “Aquilo que vem do mangue, de longe, de onde não se esperava muita coisa (e ao mesmo tempo se espera tudo). É de lá, daqui, da Casa do Cacete pro mundo”, palavras da CDC. Essa frase não nega a capacidade de crescimento da microempresa, com artistas talentosos e preparados, estão prontos para estampar em agosto de 2018, pela Osklen (marca de moda brasileira) na São Paulo Fashion Week, dentre as ilustrações, muitas de caranguejos. Além disso, contam com o apoio do Grupo Morena Rosa (marca de moda brasileira) desde o começo, lhes fornecendo workshops e oportunidades, assim como o prazer de verem estampados os próprios desenhos e cores originais do mangue.

Contatos e propostas são usualmente alimentados pelas relações com instituições e empresas que vão desde o Estado de Sergipe ao exterior, como por exemplo, Estados Unidos e Bélgica. A microempresa, responsável pela luta da representação do mangue e suas nuances, contribui para um mundo de práticas sustentáveis e para a transformação na vida de muitos jovens do interior sergipano, assim como os precursores, exemplos notórios da transformação de suas vidas através da arte e das experiências com o mangue. Dessa forma, os integrantes da Casa do Cacete estão instruídos de maneira infalível para a propagação da beleza das espécies do mangue, da cultura, da identidade local e da conscientização da preservação; símbolo do Estado de Sergipe, símbolo da capital Aracaju.

Por Francielle Souza Nonato, Iasmin França, Isabella Vieira Santos e Pedro Gabriel Barreto Ramos.
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pedro gabriel
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