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Animais na Arte CULTURA e zoologia em cinco DESAFIOs

Vamos aprender zoologia observando os animais retratados em pinturas famosas?

Desafio nº 1

Que animal a jovem está segurando neste retrato?

Um gato, um cachorro, um texugo, um arminho ou uma lontra?
"Dama com arminho" (1489-1490), Leonardo da Vinci (imagem: Domínio Público, disponibilizada por www.ncm.com em Wikimedia Commons ). Pintura original no Museu Czartoryski na Cracóvia (Polônia)
Resposta: um arminho!
"Dama com arminho" é uma pintura de Leonardo da Vinci produzida em Milão entre 1489-1490. A obra é um retrato de Cecilia Gallerani, encomendado pelo Duque de Milão, Ludovico Sforza. Na época não havia selfies de celular (...rs) e os retratos eram feitos de perfil. Leonardo da Vinci revolucionou na pose, nos detalhes e na expressão surpreendentemente viva da jovem e de seu animal de estimação. O arminho era um símbolo tradicional da pureza

Que animal é o arminho?

Para começar, é um vertebrado, especificamente um mamífero placentário. Seus filhotes são amamentados após terem ficado um tempão se desenvolvendo no útero da fêmea, onde são nutridos pela placenta.

Pertence à ordem dos Carnívoros, como você deve ter suspeitado pelas garras e pelos dentes caninos (não visíveis). Os mamíferos carnívoros, além dos caninos, possuem dentes chamados carniceiros - molares e pré-molares fortes e afiados, adaptados para cortar carne fresca (repare, com cuidado, na boca de seu cachorro, quando ele abrir).

É por isso que o arminho se parece um tanto com um felino, e mais ainda com um lobo, cachorro ou urso. Na verdade, ele faz parte da família denominada Mustelidae e seus representantes têm tipicamente o corpo alongado e as patas curtas, além de orelhas arredondadas. No mundo, são conhecidas umas 53 espécies de mustelídeos. Talvez você já conheça alguns de seus parentes: texugos, irara, glutão (carcaju ou ainda, wolverine...sim, aquele dos X-men), martas, furões, doninhas, visons, lontras e ariranha. Seu nome científico é Mustela erminea.

É um carnívoro de pequeno porte, parente das doninhas e dos visons. Ocorre no hemisfério norte (América do Norte, Europa e Ásia) e a sua pele (especialmente a pelagem branca de inverno) era muito apreciada, antigamente, na confecção de casacos. Mas não se deixe enganar pela aparente doçura: ele é um ágil predador de pequenos roedores e até mesmo de lebres!

Na exposição do Museu de Zoologia do IB-Unicamp temos um exemplar de mustelídeo: o furão-pequeno (Galictis cuja), que pode ser observado taxidermizado (ou empalhado, como dizem por aí), em posição de vida:

Furão-pequeno (Galictis cuja). Exemplar da coleção do Museu de Zoologia IB Unicamp (taxidermista: Paulo C. Balduíno, foto: Jean Fanton, ZUEC)
Nativo da América do Sul, o furão-pequeno ocorre no Brasil, Peru, Bolívia, Chile, Argentina, Paraguai e Uruguai. Habita todos os biomas brasileiros (Mata Atlântica, Caatinga, Cerrado e Pampas), com exceção da Amazônia. Ao invés de ter a pelagem toda branca (como o "casaco" de inverno do arminho), é predominantemente preto e cinza, com uma faixa branca acima dos olhos

Desafio nº 2

Onde estão escondidos: o elefante e pelo menos três répteis no quadro "Paraíso Terrestre"?

"Adão e Eva no Paraíso Terrestre " (1800-1829), Johann Wenzel Peter (imagem: Domínio Público, disponibilizada por news.stlpublicradio.org em Wikimedia Commons). Pintura original na Pinacoteca dos Museus Vaticanos (clique aqui para conferir o tamanho real da pintura) em Roma (Itália)

O quadro é monumental: mais de 3 metros de largura por quase 2,5 m de altura, onde foram pintados cerca de 240 animais diferentes, especialmente mamíferos e aves, selvagens e também domésticos. Na Europa do século XIX, o pintor Wenzel Peter tornou-se famoso por retratar animais com grande realismo científico, inclusive aqueles considerados exóticos e de lugares distantes, como da Oceania ou Novo Mundo (por exemplo, procure no quadro, uma ave-do-paraíso da Nova Guiné, gênero Paradisaea, cruzando o céu).

O artista conseguiu a proeza de esconder justamente o maior mamífero terrestre: o elefante! Os répteis, embora bem menos representados, estão presentes (deve ser pela fama não tão boa da serpente no Jardim do Éden). Conseguiu encontrar um crocodiliano na beira do rio ao fundo? E os outros répteis?

Desafio nº 3

Quantos animais você consegue encontrar nesta selva?

"O Leão faminto atacando um antílope" (1905), Henri Rousseau (imagem: Domínio Público, disponibilizada por www.nga.gov/exhibitions em Wikimedia Commons). Pintura original no Museu da Fundação Beyeler, em Riehen (Suíça)
Resposta: cinco animais! Leão e antílope, além do leopardo, coruja e abutre em cima das árvores

Nessa cadeia alimentar, que papéis ecológicos cada um dos animais desempenha?

O leão é um predador carnívoro. O antílope, um herbívoro pastador (consumidor de gramíneas, mas naquela cena, virou presa). O leopardo, que compete com o leão por carne fresca, parece aguardar a oportunidade para roubar sua caça. Tanto o abutre como a coruja foram retratados como necrófagos (ou detritívoros), ou seja, comedores de carniça.

E você reparou em uma figura misteriosa, escondida na folhagem, à esquerda do quadro? O que será que o pintor francês Henri Rousseau quis dizer com isso? Você enxergou algum animal nela?

Desafio nº 4

Quantas borboletas podem ser vistas neste mural do Antigo Egito de mais de mil anos a.C.?

"Fragmento de pintura mural na tumba de Nebamum: Caçada no Pântano" (cerca de 1350 a.C.), Arte egípcia (imagem: Domínio Público, disponibilizada por The Open University em Wikimedia Commons). Pintura original no Museu Britânico de Londres (Inglaterra)
Resposta: sete borboletas!
O mural foi pintado por volta de 1350 a.C. (antes de Cristo!) e encontrado na tumba de Nebamum - um alto funcionário do faraó - em Tebas, onde hoje se localiza a cidade de Luxor (Egito)

Na cena, pintada para eternizá-lo na vida após a morte, Nebamum está caçando no pântano. De pé em um barco feito de papiro, lança seu “bumerangue” sobre bandos de aves que fazem ninhos sobre as plantas aquáticas (papiros) nas margens do rio Nilo. Repare no seu gato caçador e nos peixes na água! Incrível!

Foi difícil encontrar todas as borboletas? Não deixe de olhar atentamente para a borda superior do mural, onde algumas borboletas estão bem apagadas... não se esqueça de que já se passaram mais de 3 mil anos desde que foram pintadas!

As sete borboletas - com asas alaranjadas e corpo preto salpicado de manchas brancas - foram associadas à espécie de borboleta monarca-africana (Danaus chrysippus), também chamada de borboleta-tigre, encontrada até hoje no Egito e em outras regiões da África, Ásia e Oceania. Na exposição do Museu de Zoologia IB - Unicamp também temos um exemplar de borboleta monarca: a monarca-do-sul (Danaus erippus), que ocorre em todo o Brasil e é muito semelhante.

Monarca-do-sul (Danaus erippus). Exemplar da coleção do Museu de Zoologia IB Unicamp (foto: André César, Labbor)

Desafio nº 5

No quadro "A Cuca", em quais animais Tarsila do Amaral se inspirou?

"A Cuca" (1924), Tarsila do Amaral (imagem: reprodução da internet, baixa resolução para contemplação e fins educativos, disponível em www.tarsiladoamaral.com.br). Pintura original no Museu de Grenoble, França
Palavras da própria pintora: "Estou fazendo uns bichos bem brasileiros que têm sido muito apreciados. Agora fiz um que se intitula A Cuca. É um bicho esquisito, no mato com um sapo, um tatu e outro bicho inventado"

No folclore brasileiro, a Cuca costuma ser apresentada na forma de um jacaré (o que Tarsila do Amaral, em um desafio, desenhou como um "bicho esquisito"). O "outro bicho inventado" talvez tenha sido inspirado em um artrópode, como um inseto (lagarta de borboleta?) ou então, uma centopeia... Será?

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Fontes consultadas (referências):

  • Bagshawe Fine Art (2020) Sobre pintura de Wenzel Peter "Wild Turkey", disponível on-line [https://www.bagshawes.com/painting-and-sculpture/wenzel-peter-wild-turkey]
  • Bornholdt, R. e colaboradores (2013) Taxonomic revision of the genus Galictis (Carnivora: Mustelidae): species delimitation, morphological diagnosis, and refined mapping of geographical distribution. Zoological Journal of the Linnean Society, Volume 167(3): p. 449-472 https://doi.org/10.1111/j.1096-3642.2012.00859.x
  • Isaacson, W. (2017) Leonardo da Vinci. Simon & Schuster, p. 264-268
  • Pough, F.H. Janis, C.M. e Heiser, J.B. (2008) A vida dos vertebrados. 4ª edição. Atheneu editora, p. 540
  • Nazari, V. e Evans, L. (2015) Butterflies of Ancient Egypt. Journal of the Lepidopterists´ Society, Vol. 69 (4): p.242-267 https://doi.org/10.18473/lepi.69i4.a2
  • Site oficial Tarsila do Amaral (2020) ‘A Cuca’ de Tarsila do Amaral na exposição Jardin Infini no Centre Pompidou-Metz em 2017. Base Comunicação, disponível on-line [http://tarsiladoamaral.com.br/cuca-de-tarsila-do-amaral-na-exposicao-jardin-infini-no-centre-pompidou-metz/]
  • Wikipédia - a enciclopédia livre (2020) Verbetes sobre artes: obras citadas nos desafios acima, disponível on-line [https://pt.wikipedia.org/]