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Borboleta ou Mariposa? é tudo a mesma coisa? descubra como diferenciá-las!

A borboleta verde lá do início é Philaethria wernickei, uma ninfalídea da Mata Atlântica. Seu voo é muito rápido, sendo difícil de pegá-la, e por isso é conhecida como engana-bobo ou esmeralda (foto: André César/Labbor/CC BY-NC-SA 2.0)
Venha aprender com a gente nessa visita virtual!

VOCÊ É UM BOM OBSERVADOR?

Já reparou quantas borboletas coloridas e vistosas cruzam nossos caminhos todos os dias, visitando os jardins, em especial as flores?

Em cima, uma borboleta caixão-de-defunto (Heraclides thoas). Abaixo, uma mariposa bruxa (Ascalapha odorata). Repare como um nome popular é, às vezes, muito infeliz (fotos: Gustavo F. Durán/Flickr e Photon~wave/Flickr, ambas CC BY-NC-SA 2.0)

VOCÊ É SUPERSTICIOSO?

Alguma vez ficou com medo daquela mariposa escura - chamada bruxa - pousada na parede de casa, à noite?

Será mesmo verdade que as borboletas são muito coloridas e voam de dia, enquanto as mariposas são sombrias e esperam anoitecer para entrar em atividade?

Observar:
Borboletas e mariposas na sala "Vertebrados e Invertebrados- Formas e Cores" da Exposição Permanente "Biodiversidade Animal: Estilos de Vida" no Museu de Zoologia da Unicamp
A resposta da pergunta é SIM...e NÃO

Essa simplificação (borboleta diurna versus mariposa noturna) pode ser verdade para boa parte dos lepidópteros que estamos acostumados a encontrar por aí. Contudo não se engane: em biologia, quase sempre há exceções! Espere só para ver as espécies que vamos te apresentar...

Mas, antes de tudo, quem são os lepidópteros?

Prazer em conhecer: Lepidópteros!

Borboletas e mariposas são insetos que fazem parte de uma mesma ordem chamada Lepidoptera. Em grego, lepis significa escamas, e pteron asas. Então, os lepidópteros têm suas asas cobertas por escamas, como você pode ver no detalhe abaixo da asa da borboleta monarca-do-sul.

Borboleta monarca-do-sul, Danaus erippus (foto: André César/Labbor/CC BY-NC-SA 2.0)
Fotografia macro das escamas da asa de uma monarca (foto: SJG/Flickr/CC BY-NC 2.0)

Você não enxerga a escama sem uma lente de aumento, mas consegue ver aquele pozinho que se solta das asas ao tocarmos nelas. E falando nisso...

É verdade que o pó das asas da borboleta pode causar cegueira?

Não existe nenhum relato de que este pó pode causar cegueira ou outro tipo de lesão. O que de fato acontece, se você coçar os olhos por descuido, é uma irritação (reação alérgica) como se tivesse entrado poeira nos olhos. Então, lembre-se de que é importante lavar as mãos!

Escamas são também responsáveis pela incrível variedade de cores, seja por conter pigmentos ou pelas propriedades ópticas (...quer saber mais sobre um truque óptico que outras espécies de borboletas, como a morfo-azul, tem na manga...ou melhor, nas asas? Confira o post thread publicado no Facebook do Museu de Zoologia, clicando aqui e aproveite para nos seguir e curtir!)

Agora que já conhece o que borboletas e mariposas têm em comum, será que você saberia dizer o que elas têm de diferente?

OBSERVE AS DIFERENÇAS

Lepidópteros pousados em folhas: uma esmeralda (Philaethria dido), nativa da Amazônia e uma esfinge (Xylophanes ceratomioides) (fotos: Böhringer Friedrich/Wikicommons/CC BY-SA 2.5 e Gailhampshire/Wikicommons/CC BY 2.0)

Nas fotos acima, além do feijão-com-arroz que você já sabe (colorida diurna versus sombria noturna), seria capaz de dizer quais outras características (do corpo e do comportamento de pouso, por exemplo) que podem nos dar pistas para descobrir qual é a borboleta ou a mariposa?

Bom trabalho!

As borboletas costumam ter o corpo fino, alongado e com poucos pelos. Quando pousam, descansam com as asas fechadas, erguidas na posição vertical. Diferentemente, as mariposas parecem ter o corpo mais robusto e coberto com pelos, e se pousadas, ficam com as asas abertas na horizontal, certo?

Agora dê uma olhada neste lepidóptero e responda... Borboleta ou Mariposa?
Urânia (Urania leilus) nativa da Amazônia e Mata Atlântica (foto: André César/Labbor/CC BY-NC-SA 2.0)

Você tem razão, parece sim uma borboleta: seu corpo é um tanto esbelto e as asas possuem um verde metálico espetacular. Mas por incrível que pareça, é uma mariposa da família Uraniidae. E não para por aí... a danada é diurna (pasmem!)

Só acredita vendo?

Assista ao vídeo postado pelos colegas do Museu da Amazônia (MUSA) registrando a mariposa Urânia visitando flores da Jutairana em plena luz do dia!

E quanto a espécie a seguir? Ela é conhecida como diabinha...borboleta ou mariposa?

Repare na cor escura e no corpo robusto com muitos pelos...uma mariposa, certo?

Diabinha (Chioides catillus). Ocorre em todo o Brasil (foto: André César/Labbor/CC BY-NC-SA 2.0)

Ops! Na verdade trata-se de uma borboleta da família Hesperiidae. É chamada de diabinha possivelmente devido ao seu voo frenético e errático quando visita as flores ao longo do dia (e talvez pelo formato de suas antenas). As aparências podem enganar!

Então como saber se é mesmo borboleta ou mariposa?

será que O segredo EStá na antena?

As estruturas localizadas na cabeça destes insetos podem nos ajudar a diferenciá-las.

Diferentes antenas dos lepidópteros. Nas borboletas: dilatações na ponta. Nas mariposas: como se fossem chicotes ou então, plumas (fotos: em sentido horário: Kasia/Flickr/CC BY-SA 2.0, Charles J Sharp/Wikicommons/CC BY-SA 4.0, Filogèn/Wikicommons/CC BY-SA 4.0 e Yathumon MA/Wikicommons/CC BY-SA 4.0)

Sabe aquelas anteninhas típicas desenhadas por crianças - finas e com uma bola na ponta? Essas são as antenas caracteristicamente encontradas nas borboletas. Elas são chamadas de clavadas, porque têm uma dilatação em forma de clava (quase igual a um porrete) ou então, de taco de golfe.

Nas mariposas, observamos antenas que vão afinando em direção à ponta (denominadas filiformes, como um chicote) ou então, em formato de pente (pectinadas) ou de pluma, já que são bem ramificadas.

Mas não podemos levar a ferro e fogo o "segredo" das antenas. Para variar só um pouquinho (...rs), há vários lepidópteros que quebram essa regra.

Pensando evolutivamente

A essa altura do campeonato, você já percebeu que, apesar de tratarmos "borboletas" e "mariposas" como se fossem coisas distintas, a sua separação não é uma tarefa fácil, justamente pelas exceções que existem.

Isso porque, ao analisarmos a árvore genealógica (ou das relações evolutivas) dos lepidópteros, podemos ver que o grupo que chamamos de "borboletas" é apenas um pequeno ramo inserido dentro de tudo aquilo que chamamos de "mariposas".

Para se ter uma ideia do tamanho do grupo, no Brasil são conhecidas ao todo quase 13 mil espécies de lepidópteros, das quais só 3.500 são de borboletas! Todo o restante são de mariposas!

Então fique atento ao se deparar com um lepidóptero por aí!

Agora é com você! Teste suas habilidades!

QUIZ Borboleta ou Mariposa?

Outra surpresa: GIF Animado!

Observe diferentes espécies de lepidópteros batendo suas asas. Baixe o seu GIF animado com borboletas e mariposas do Brasil

GIF com os movimentos de voo e de pouso de 25 espécies, produzido pelo Museu de Zoologia em parceria com o Labbor (Laboratório de Borboletas-IB-Unicamp). Você já viu algumas delas por aí?

Para Saber mais...

Recomendamos o livro “Lepidoptera: borboletas e mariposas do Brasil” do fotógrafo Almir Cândido de Almeida e do professor André Victor Lucci Freitas (publicado em 2012, editora Exclusiva). Fotos e textos encantadores que nos inspiraram para criar o conteúdo on-line que você acabou de acessar!

(Crédito: foto da capa no site da Queen Books)

Para se aprofundar...

As publicações acadêmicas abaixo são para quem quer se aprofundar na diversidade e na evolução do comportamento de atividade em lepidópteros:

Catálogo Taxonômico da Fauna do Brasil (CTFB). Organizadores: W.A.P Boeger, H.E.D. Zaher, J.A. Rafael e M.P. Valim. Disponível on-line: https://fauna.jbrj.gov.br [Acessado em Abril/2020]

Akito Y. Kawahara e colaboradores (2018). Diel behavior in moths and butterflies: a synthesis of data illuminates the evolution of temporal activity Organisms Diversity & Evolution 18: 13–27 https://doi.org/10.1007/s13127-017-0350-6

Akito Y. Kawahara e colaboradores (2019). Phylogenomics reveals the evolutionary timing and pattern of butterflies and moths PNAS 116 (45): 22657-22663 https://doi.org/10.1073/pnas.1907847116

Created By
Museu de Zoologia da Unicamp "Prof. Adão José Cardoso"
Appreciate

Credits:

ZUEC, IB, Unicamp/ CC BY-NC-SA 2.0

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