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Festas da Vila de Albufeira DOCUMENTO DO MÊS DE JUNHO

No início do séc. XX, Albufeira era uma vila pitoresca localizada no centro litoral Algarvio. Banhada pelo oceano com uma praia protegida dos ventos, clima ameno, sossegada e mar calmo. As excelentes condições tornaram-na na praia balnear de banhos da vila. Nos arredores haviam vários locais para passear como as furnas e os passeios pelas falésias que podiam ser feitos tanto por terra como por mar. As noites eram quentes e prestavam-se a reuniões e encontros dos banhistas na esplanada Frutuoso da Silva. A época balnear decorria entre o período de 15 de agosto a outubro.

Número Especial de Propaganda - Época Balnear 1918
Programa da Festa de Albufeira - Época Balnear 1918 e 1919

Durante a época balnear o Grémio de Albufeira, tinha um salão com palco onde realizavam bailes, concertos, saraus e um pianista permanente. A comissão das festas e propaganda tinha sede no Grémio de Albufeira que organizavam as festas na Praia do Peneco, Praia dos Pescadores e na Esplanada Frutuoso da Silva como: regatas, jogos, música, quermesses entre outras diversões.

A Vila de Albufeira passou a ser muito procurada, na época balnear, por muitas famílias não só de diversos sítios do Algarve como do país, com o intuito de disfrutar da praia, festas e convívio.

Na década de 30 sentia-se uma crise económica devido à falta de trabalho. Para ultrapassar esta crise a Comissão de Iniciativa e Turismo de Albufeira, fundada em 1929, criou e promoveu o programa “Às festas da Vila” com o objetivo de criar mais iniciativas que atraísse mais visitantes à vila. A esta iniciativa tinha o apoio da câmara que contribuía com um subsídio de 250 escudos por época.

A iniciativa foi divulgada em vários jornais regionais como no Correio do Sul, de 3 de setembro:

”Havia anos que não víamos a praia de Albufeira cuja beleza é, sem contestação, a que mais admiro no Algarve.

Vim ao acaso saciar aquelas saudades de tempos idos em que esta linda praia foi a rainha das praias algarvias. Não tinha, confesso esperanças de a ver ressurgir da letargia em que há poucos anos a encontrei, e talvez por isso, o meu espanto foi indescritível.

Como se metamorfoseou assim Albufeira?! Como de um momento para o outro o panorama da praia se alterou. Solicitamente um membro da Comissão de Iniciativa e Turismo se pôs a minha disposição, números especiais de propaganda, uma planta em que melhoramentos realizados e a realizar nos foram apontados, lista das casas de aluguer aos banhistas, condições económicas e toda a espécie de indicações uteis passaram entre os meus olhos.

(…) Todas às quintas-feiras e domingos a Filarmónica da Terra dá os seus concertos na praia e nunca vimos tanta gente na praia.

Nos dias 9,10 e 11 do corrente, festas deslumbrantes se efetuarão com gincana de automóveis, tiro aos pratos, “basquete-bal”, natação e um vistoso fogo-de-artifício no último dia das festas que a comissão deseja surpreender os visitantes.

Ficamos encantados com o entusiasmo que em todos vimos bem patente e estamos convencidos que a Praia de Albufeira marcará sem rival na presente época”.

O programa do último dia começava às 15h00 com tiro aos pratos, seguido de provas de natação estilo livre, regatas com equipas femininas, corridas de agulhas, corridas de ovos, e outros jogos.

No programa das festas à noite havia o arraial minhoto, o concerto da banda Filarmónica de Albufeira e a Banda de Minerva de Loulé, encerrando o programa com fogo-de-artifício.

A primeira edição de Festas da Vila, organizadas pela comissão de iniciativa criativa, foi um sucesso o que permitiu repetir-se nos anos seguintes com o mesmo formato de programa.

As festas da vila passaram a ser o melhor cartaz de propaganda turística da época balnear da vila.

Até 1936 as festas foram organizadas pela Comissão de Iniciativa e Turismo tendo sempre um aumento de visitantes, de ano para ano, na época de verão. Em 1938 às festas passaram a ser organizadas pela Comissão Municipal de Turismo.

As festas passaram a realizar-se no primeiro fim de semana de setembro, sem datas certas, mas sempre marcadas para sábado, domingo e segunda. Estas festas atraíam pessoas de vários sítios do país.

As festas ocorriam na praia por isso as entradas para as praias eram feitas através do túnel. A cerca do Rossio, praia dos pescadores e esplanada Frutuoso da Silva eram fechadas. O custo da entrada para passar o dia na praia e assistir ou participar na festa tinha o custo de 10 tostões.

O programa começava ao início da tarde com jogos variados, natação, corrida do saco, competições de barco e acabava a noite com o fogo-de-artifício.

O percurso da prova de natação e de barcos realizava-se desde o Passeio Marginal da praia do Peneco até a praia do Inatel, paralelamente ocorria a prova dos barcos à vela. A prova do pau ensebado realizava-se no mar e em terra, o vencedor da prova tinha um prémio de 50 escudos e o da terra recebia um bacalhau. Também havia o jogo do porco e do pato ensebado, onde os animais eram untados de sebo. O prémio para o vencedor era o próprio animal.

A partir dos anos 40 introduziram novos jogos ao programa, como o boxe e no último dia das festas, ao entardecer à beira-mar, ultimava-se o preparativo para o espetáculo pirotécnico.

Durante os três dias das festas da vila, toda a zona que circundava a praia era iluminada. Na Esplanada Frutuosa da Silva, Passeio Marginal e Esplanada do Túnel eram colocadas as barracas do chá, a quermesse e tocavam as bandas de música.

No domingo realizavam-se a Festas Religiosas dedicadas a S. Luís e à Nossa Senhora das Dores. A missa decorria na parte da manhã na Igreja Matriz e à tarde a procissão percorria as principais ruas da vila.

Festas da Vila - década de 40
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ARQUIVO HISTÓRICO
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