Cuidados na Alimentação e Hidratação Cátia Orvalho e Beatriz Rodrigues

Introdução

Uma alimentação saudável, isto é, adequada nutricionalmente tem influência no bem-estar físico e mental, no equilíbrio emocional, na prevenção e tratamento de doenças.

É importante que a alimentação seja saborosa, colorida e acima de tudo equilibrada, que respeite as preferências individuais e valorize os alimentos da região, da época e que sejam acessíveis também do ponto de vista económico.

Para se ter uma alimentação equilibrada, com todos os nutrientes necessários para a manutenção da saúde é preciso variar os tipos de alimentos, consumindo-os com moderação. Os alimentos calorias, que são a quantidade de energia utilizada pelo corpo param a manutenção das suas funções e actividades.

Uma alimentação que fornece mais calorias do que o organismo gasta nas suas actividades diárias pode provocar excesso de peso.

Uma alimentação que fornece menos calorias que o necessário pode levar á perda de peso e desnutrição.

Por isso é importante seguir as orientações dos profissionais de saúde quando ajudam a definir a dieta.

A roda dos alimentos ajuda-o a escolher a quantidade e os alimentos que deve consumir diariamente, assim como as porções diárias necessárias.

As Terapêuticas Nutricionais

Dietoterapia

Dietoterapia é a parte da ciência da nutrição que se dedica às dietas específicas para cada enfermidade. Para uma pessoa saudável, o cuidado nutricional pode significar apenas a avaliação nutricional de rotina. Uma pessoa saudável necessita de cuidado nutricional na forma de educação quanto aos hábitos alimentares. Já o cuidado nutricional para paciente enfermo ou hospitalizado é mais complexo. Deve incluir o acompanhamento da ingestão de alimentos, a adequação destes alimentos à sua patologia e quando ela for inadequada, deverá incluir o aconselhamento do paciente.

Alguns itens são considerados na hora em que se faz uma dieta para um paciente enfermo:

1. A dieta deve desviar-se do normal o mínimo possível.

2. A dieta deverá suprir as necessidades de nutrientes essenciais.

3. Hábitos e preferências alimentares, seu poder aquisitivo, práticas religiosas...

4. Estado Nutricional etc,

O fato de indicar uma dieta terapêutica, pressupõe que deve ser incidido sobre um ou mais parâmetros nutricionais, que se modificassem com respeito aos que poderíamos denominar normais.

As Terapêuticas Nutricionais

O que é a nutrição?

É a ciência que estuda a relação entre os alimentos e o organismo.

Plano alimentar

Um plano alimentar é normalmente prescrito por um nutricionista, que realiza uma tabela com a alimentação adequada para cada utente e para isso tem de haver uma avaliação inicial.

As funções de um nutricionista clínico são:

1- Avaliação do estado nutricional do utente;

2- Diagnóstico nutricional com base em dados clínicos, bioquímicos e alimentares;

3- Prescrição nutricional, com base no diagnóstico e estado de saúde, adequando-a à evolução do estado nutricional do individuo,

4- Prescrição, planeamento, analise, supervisão e avaliação de planos alimentares terapêuticos;

As Terapêuticas Nutricionais

Dietas progressivas hospitalares

A alimentação do individuo deve ser adequada ao seu estado nutricional corrente, quer seja para manter ou para recuperar a sua condição nutricional ou ainda, como coadjuvante para retirada de um estado patológico.

A manutenção de um organismo saudável requer um plano alimentar para este fim.

Dieta normal ou livre- é uma dieta equilibrada, sem restrições de consistência, volume, osmolaridade, etc.

Modificações da dieta normal:

1- Mudança na consistência dos alimentos (dietas líquidas, leves, com poucas fibras, ricas em fibras).

2- Aumento ou diminuição no tipo de alimento ou nutrientes consumidos (dietas com restrição de sódio, de lactose, rica em fibras, rica em potássio).

3- Aumento ou diminuição no valor energético da dieta ( dietas de redução de peso, com alto teor calórico).

4- Eliminação de alimentos específicos (dietas para alérgicos, sem glúten).

5- Ajuste ao nível, proporção ou equilíbrio de proteínas, gorduras e carboidratos (dietas para diabetes, renal, de diminuição de colesterol;

6- Redistribuição do número e frequência de refeições (dieta para diabetes).

7- Mudança na via de administração de nutrientes (nutrição enteral ou parenteral).

Dieta branda ou leve

Dieta líquida completa

Dieta diabética

Nutrição e Diabetes estão diretamente relacionadas pois uma boa dieta para diabéticos é realmente eficaz a fim de manter o controlo glicêmico.

A dieta para quem tem diabetes é fundamental para controlar os índices de glicemia do sangue. Isso porque, os picos de insulinas que ocorrem em pacientes que já diagnosticaram a diabetes é extremamente prejudicial à saúde e pode causar sequelas irreversíveis, como por exemplo, a perda da visão – cegueira – que é um dos casos mais comuns.

Nutrição para diabéticos

A redução do consumo de gordura e sal é primordial para o controle da diabetes. Segue alguns exemplos de alimentos indicados para uma boa dieta para diabéticos, como também para hipertensos:

1-Aves (sem pele);

2-Peixes e carnes magras;

3-Leite desnatado ao invés do integral;

4-Queijo branco (Ricota é super indicado) ao invés de queijo gordo (amarelo);

5-Alimentos Ricos em Fibras Solúveis (aveia, farinha de banana verde, farinha de maracujá, semente de linhaça);

6-Verduras (de preferência vegetais folhosos verdes escuros);

7-Cereais;

8-Feijão/ Lentilha/ Ervilhas;

9-Frutas da natura ao invés de sumos concentrado de frutas.

Dieta para os utentes com colesterol

A dieta para o colesterol, deve ser pobre em gorduras, pois melhora a circulação sanguínea e diminui o risco de se acumular gordura no sangue, evitando a ocorrência de ter doenças cardiovasculares, como enfarte ou AVC.

Desta forma, os níveis de colesterol total no sangue devem estar equilibrados, com valores inferiores a 200 mg/dl e, para isso, é importante manter uma alimentação saudável e praticar atividade física pelo menos 3 vezes por semana.

Alguns alimentos devem ser evitados por quem tem colesterol alto, pois são ricos em gordura, como:

1. Ovos;

2. Frutos do mar;

3. Vísceras de animal;

4. Manteiga e óleo;

5. Pizza pré fabricada;

6. Doces em geral e chocolates;

7. Queijos amarelos;

8. Carnes gordurosas, como picanha, maminha ou porco;

9. Bebidas alcoólicas.

Além disso recomenda-se não ficar mais de 3 horas sem comer, beber água no intervalo das refeições e praticar algum tipo de atividade física pelo menos 3 vezes por semana.

Alimentos Aconselhados:

1- Leite de soja;

2- Leite, iogurtes, queijo magros;

3- Carnes de aves ou caça;

4- Frutas;

5- Peixes de preferência gordos;

6- Batata, arroz, massa e pão integral.

Dieta para utentes com hiperuricemia e gota

Um nível elevado de ácido úrico no sangue pode levar ao desenvolvimento de “gota”, uma doença causada por uma inflamação crónica das articulações.

Para indivíduos que sofram desta doença tem de haver uma mudança no estilo de vida como a perda de peso, uma dieta pobre em purina (ácido úrico) e a abstinência alcoólica são aspectos essenciais no sucesso terapêutico.

O tratamento da gota aguda assenta no uso de anti-inflamatórios, associados ao repouso e aplicação de gelo sobre a articulação.

O tratamento crónico consiste na redução dos níveis de ácido úrico, como forma de prevenção dos quadros de gota aguda.

Cuidados alimentares

A alimentação do doente com hiperuricemia ou com gota deve ser rica em alimentos de origem vegetal. Os alimentos de origem animal devem ser consumidos com moderação, uma vez que a proteína de origem animal contribui para aumentar a acidez da urina (diminui o seu ph).

Logo de ser feita uma alimentação com baixos teores de ácidos, dessa forma os principais grupos alimentares que devem ser evitados são: carnes vermelhas, sardinhas e anchovas (ricos em purinas).

Tenho o ácido ÚRICO alto: o que posso comer?

O consumo excessivo de carne, peixe e marisco está associado a níveis mais elevados de ácido úrico e um maior risco de gota. As carnes que apresentam maior risco são as de vaca, porco, sendo que os peixes mais implicados são os mais oleosos, como as sardinhas, o salmão, a truta e o atum.

As bebidas alcoólicas também têm sido amplamente associadas ao desenvolvimento da gota, já que um grande número de indivíduos com hábitos alcoólicos marcados apresenta níveis elevados de ácido úrico.

Também o consumo de refrigerantes e sumos de fruta açucarados contribui para esta doença.

O consumo de lacticínio, especialmente produtos magros, uma ou mais vezes ao dia, parece diminuir os níveis de ácido úrico.

Alimentos como o feijão, lentilhas ou outras leguminosas, e os legumes em geral diminuem também a hiperuricemia, apesar de muitas vezes se ouvir dizer o contrário.

O consumo de algumas frutas mais doces (figos, as bananas, as uvas, os pêssegos) podem causas hiperuricemia.

Recomendações nutricionais

Dieta hipoproteica

Uma dieta hiperproteica é aquela onde há um maior consumo de proteínas e gorduras, aliado a uma baixa ingestão diária de carboidratos. Também conhecida como dieta das proteínas, a dieta hiperproteica prioriza carnes, lacticínios e verduras, e praticamente exclui do cardápio massas, pães, doces e a maioria das frutas, esta dieta é indicada para pacientes com ingestão controlada de proteínas, portadores de insuficiência renal e cirrose hepática

Recomendações nutricionais

Exemplo de alimentos para fazerem parte do seu cardápio na dieta hiperproteíca:

Pequeno-almoço:

Opção 1: 1 iogurte natural (sem açúcar) + omelete de claras + 1 copo de leite desnatado;

Opção 2: 2 Fatias de peito de peru +1 fatia de queijo + 1 iogurte natural.

Lanche da manhã:

Opção 1: Nozes (3 ou 4 unidades no máximo);

Opção 2: Uma fatia de queijo fresco.

Almoço:

Opção 1: Peixe grelhado com salada de alface e rabanete;

Opção 2: Filé de frango sem pele, salada de rúcula e repolho.

Lanche da tarde:

Opção 1: Peito de peru;

Opção 2: 1 maçã

Jantar:

Opção 1: Uma lata de atum em conserva light (em água) + beringela grelhada com um fio de azeite;

Opção 2: Filé de frango + salada de agrião ou couve (ou outra folha de sua preferência).

Dieta gastroentérica

A dieta pode ser tanto uma grande vilã como a principal aliada de quem sofre de gastrite

Primeiramente, é importante evitar dar intervalos muito grandes entre as refeições, pois para alguns pacientes predispostos geneticamente o contacto do suco ácido do estômago directamente com as células da mucosa gástrica pode levar a uma irritação local e desencadear a gastrite.

O ideal é comer de 3 em 3 horas.

De acordo com o pH, os alimentos podem ser divididos em alcalinos e ácidos. A dieta para gastrite deve conter uma proporção destes alimentos, ou seja, cerca de 80% da sua dieta deve ser composta de alimentos alcalinos.

Alimentos que pioram:

Alimentos gordurosos;

Farinha branca e açúcar;

Alimentos picantes e molhos;

Cafeína;

Álcool;

Refrigerantes;

Frutas e legumes (cebola, alho, tomate);

Lacticínios.

Cuidados ao Ingerir Líquidos

As bebidas alcoólicas causam uma irritação directa na mucosa gástrica, além de estimular o aumento da produção do suco ácido do estômago, sendo portanto proibido seu uso nos pacientes com gastrite. O café (que contém cafeína) também é descrito como alimento a ser descontinuado.

Beber muitos líquidos nas refeições pode dificultar o processo adequado da digestão, devido à diluição do suco gástrico.

Alimentos aliados contra a gastrite

Quanto aos hábitos alimentares que podem contribuir para uma melhoria da gastrite podem ser:

• Verduras (cozidas) como couve e espinafre são coadjuvantes no controle da acidez do estomago excessiva, podendo fazer parte das escolhas do dia-a-dia.

Chás de erva-cidreira, erva-doce e camomila podem contribuir como coadjuvantes no alívio dos sintomas, mas jamais substituem os tratamentos medicamentosos.

Dieta hipocalórica

É uma dieta receitada especificamente para pacientes obesos com taxa de IMC maior ou igual a 30.

Basicamente a tarefa de emagrecer consiste na necessidade de diminuir o consumo de calorias, o que quer dizer que é preciso aderir a uma dieta hipocalórica, consumindo uma quantidade menor de alimentos do que geralmente é consumido, tendo o devido cuidado para que não seja nada excessivo.

Independentemente da redução da quantidade determinada por uma dieta hipocalórica, os carboidratos, proteínas, lipídeos, vitaminas e minerais devem ser consumidos na quantidade adequada, para que assim tenha um consumo equilibrado, garantindo uma perda de peso saudável.

Recomendações importantes

Deve haver um controlo da quantidade e porções indicadas para fazer uma dieta correta;

O açúcar deve ser substituído por adoçante;

Deve haver um consumo moderado de pão e doces;

Praticar atividade física regularmente.

Exemplo de uma dieta diária

Prestação de cuidados na alimentação oral do utente

Cuidar de pacientes acamados é uma tarefa que requer uma atenção especial. Devido ao estado de saúde, essas pessoas, na maioria dos casos, encontram-se debilitadas e precisam de apoio, paciência e compreensão.

Os cuidados com a higiene, alimentação e transporte são fundamentais para evitar problemas que podem surgir durante o tratamento. Manter a limpeza do ambiente, do leito e o cuidado nas trocas de roupas, no banho e no preparo dos alimentos devem ser rotina para evitar infecções e complicações. Não só o cuidador, mas todas as pessoas que têm contacto com acamado devem manter a higiene e sempre lavar bem as mãos antes de tocar em qualquer utensílio ou alimento do paciente.

Cuidados nas refeições

• O técnico auxiliar de saúde deve ter consciência da importância do estado nutricional para a recuperação do doente;

• Estimular o paciente a fazer as suas refeições sozinho (sempre que isso for possível) mesmo que no começo ele o faça muito lentamente;

• O prato, os talheres, o copo devem estar adaptados para facilitar o seu uso;

• Colocar a cabeceira bem elevada se a refeição for feita no leito (as almofadas podem ajudar no posicionamento);

• Durante o processo de alimentação, proteger o tórax do doente com guardanapo, limpando-lhe a boca sempre que necessário

• Oferecer líquidos mesmo que o utente não solicite, é importante manter a hidratação;

• Estar atento á temperatura dos alimentos antes de os servir, porque o utente pode ter alguma redução na sensibilidade que dificulte a perceção da temperatura;

• Ter em conta ser a refeição está a ser bem tolerada pelo utente, caso contrario, deve-se procurar apoio junto da sua enfermeira/o;

• Dar sempre pequenas quantidades de comida para o utente não se engasgar;

• No caso de utentes com problemas na movimentação dos braços, deve-se sempre colocar os alimentos e a água próximos ao lado não afetado;

• Providenciar ambiente tranquilo;

• Evitar interromper a alimentação do doente para qualquer outro cuidado;

Adequar os alimentos as condições de mastigação;

Conclusão

Com este trabalho chegamos á conclusão que a alimentação interfere no estado de saúde de um modo geral. Sendo por vezes até primordial para a recuperação de algumas doenças e prevenção de outras.

Uma boa higienização de espaços e cuidados dos manipuladores na preparação de refeições são pontos essenciais para que se obtenha bons resultados nos cuidados relativos á alimentação da pessoa idosa.

As dietas devem ser sempre adequadas ao paciente e a situação actual de saúde e/ou doença a que se destina, fazendo as necessárias modificações para melhor ajuste.

Qualquer que seja a modificação feita, deve-se cuidar para que a dieta tenha um valor nutricional adequado às necessidades do paciente.

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