A nossa vida nunca foi tão barulhento como agora. Incrível como é difícil nos dias atuais fazer silêncio. Em casa, na rua, na praça, no restaurante, no trabalho e até na Igreja. O silêncio tem se tornado algo raro, desimportante, para o homem contemporâneo. E poderíamos encontrar explicações na Filosofia, na Psicologia, na Sociologia, e em muitas outras áreas do conhecimento. Contudo, além de levantar a questão acerca da importância do silêncio para a nossa vida, gostaria de convidar para uma reflexão bem menos barulhenta. A quanto tempo você não ouve a voz do Bom Pastor?

Certa vez assisti a um vídeo no qual várias pessoas, diante de um grande rebanho de ovelhas, gritavam e chamavam por elas, acenando com as mãos e se esforçando ao máximo para receber ao menos algum retorno. E nada! As ovelhas pastavam e assim permaneciam. De repente chegou o pastor delas. Bastou sua presença, algumas palavras e todas as ovelhas vieram correndo. Lembrei-me de quando meu pai saía para colocar sal no cocho das vacas. Ele gritava pelo pasto afora e rapidamente todas iam correndo atrás dele. O fascinante nesse contexto é o poder da voz do pastor. Poder de reunir, fazer comunhão e gerar seguimento. É isso que a voz do Pastor gera em nós, comunhão e seguimento. Se essas duas coisas não estão se tornando realidade em nossas vidas é porque certamente estamos ouvindo qualquer outra coisa, menos a voz do Bom Pastor.

Jesus é o pastor enviado por Deus para apascentar seu povo que estava perdido, como ovelhas sem pastor, e estavam ouvindo outras vozes que não o conduzia a verdes pastagens, mas sim ao distanciamento do rebando.

No capítulo 34 do livro do profeta Ezequiel, encontramos a profecia contra os pastores de Israel que estavam apascentando a si mesmos, tirando proveito das ovelhas e não cuidando delas como se deveria. Então, por meio do profeta, diz o Senhor: “Certamente eu mesmo cuidarei do meu rebanho e dele me ocuparei” (Ez 34,11). Nas profecias do profeta Jeremias Deus promete estabelecer pastores que realmente cuidem das ovelhas, dos quais elas não terão medo e nem pavor (cf. Jr 23,4).

Jesus, portanto, é o Pastor profetizado e enviado por Deus. Um pastor que não é simplesmente um cuidador, mas que dá a vida pelas ovelhas, é a porta que leva a Deus. Não é simplesmente um meio, mas a salvação em pessoa.

“As ovelhas ouvem sua voz e ele chama suas ovelhas uma por uma” (Jo 10,3), ou seja, por nome. Jesus chama cada um de nós pelo nome e nós devemos reconhecer e ouvir sua voz. Neste dia que somos convidados a rezar pelas vocações, este trecho nos leva a refletir sobre a importância de cada vocação na vida da Igreja. Pois é o próprio Deus que chama e cada um deve responder ao seu chamado.

Deus escolheu guias ao longo da história da salvação para que pastoreassem o seu povo. Enviou o seu único Filho, o Bom Pastor, e hoje continua chamando jovens disponíveis para serem pastores segundo o coração do seu Filho.

Na Mensagem para o 54º Dia Mundial de Oração pelas Vocações,

o papa ressalta que “o povo de Deus precisa ser guiado por pastores que gastem a sua vida a serviço do Evangelho”.

E pede as nossas comunidades que “sem ceder à tentação do desânimo, continue a pedir ao Senhor que mande operários para sua messe e nos dê sacerdotes enamorados do Evangelho, capazes de se aproximarem dos irmãos, tornando assim sinal vivo do amor misericordioso de Deus”.

No entanto, cada um de nós, batizados, somos chamados a ouvir a voz do pastor para não sairmos do rebanho. Pois Ele conhece um por um e quer que tenhamos vida nele. Ao mesmo tempo somos exortados a não ouvir a voz dos falsos pastores, que nos tiram do rebanho do Senhor e não nos dão vida.

Portanto, peçamos a Jesus, o Bom Pastor, que envie vocações sinceras a nossa diocese. Que Ele sustente os nossos pastores, o nosso bispo e os nossos presbíteros. Que anime os nossos seminaristas e encoraje os nossos vocacionados a responderem sim ao chamado de Deus. E fortaleça a nossa pastoral vocacional para que seja perseverante na oração e na ação.