Fotos de Fotógrafas Brasileiras e texto de André Teixeira
“Tirar as fotógrafas de trás da câmera” não deixa de ser um clichê, mas também não deixa de ser uma expressão adequada para resumir os objetivos do grupo Fotógrafas Brasileiras, que na última quarta-feira, Dia Internacional da Mulher, promoveu uma marcha pelas ruas do Centro do Rio, numa espécie de “estreia” em eventos de rua. As imagens desta fotogaleria, assinadas tanto por profissionais consagradas quanto por jovens talentos, são algumas das 60 projetadas por elas ao longo da caminhada. A foto aí de cima, por exemplo, é de Claudia Ferreira.
Integrar essas gerações de mulheres é um dos lemas do grupo, diz sua idealizadora, a repórter fotográfica Wania Corredo. Ganhadora de prêmios como o Rey de Espanha, Embratel e Esso, Wania quer fazer dele uma plataforma para “dar visibilidade ao trabalho não só das fotógrafas, mas de todas as mulheres ligadas à imagem”. Ela pretende, ainda, fazer um levantamento da história da mulher na fotografia brasileira – para ela, pouco representada. “A princesa Isabel, por exemplo, fotografava, mas praticamente só se ouve falar das fotos de Dom Pedro II”, afirma.
Criado em novembro do ano passado, fruto do que seria apenas uma reunião informal de amigas fotógrafas para a produção de um retrato – e acabou levando 134 profissionais às escadarias do Theatro Municipal –, o grupo tem, segundo Wania, “uma pegada cultural, um espaço para troca de informações, ideias e projetos”. Dois deles já estão em andamento: um livro sobre a fotografia feminina no Brasil e um ciclo de debates no próximo FotoRio, no Centro Cultural dos Correios, em junho.
Para Wania, as fotógrafas passam pelos mesmos problemas vividos por quase toda mulher no mercado de trabalho: são pouco representadas, sofrem assédio e recebem menos. “Além disso, elas têm mais dificuldade de ter seu trabalho reconhecido e divulgado, especialmente no interior do país”, acrescenta. Trazer à tona estas questões e a produção dessas profissionais, segundo ela, é o que move o grupo, que na última contagem reunia 667 integrantes. “Não é apenas lutar por mais oportunidades de trabalho, mas também, e principalmente, estimular a cultura, projetar nossas imagens e resgatar o nome das grandes mulheres que marcaram a fotografia brasileira”, conclui.
Credits:
Fotógrafas Brasileiras