Deep Web Autor Conteudista: Miguel Júnior

Módulo 1

O que é a Deep Web?

por Jocelyn Auricchio | Edição 132 – Revista Mundo Estranho – Editora Abril

É o conjunto de conteúdos da internet não acessível diretamente por sites de busca. Isso inclui, por exemplo, documentos hospedados dentro de sites que exigem login e senha. Sua origem e sua proposta original são legítimas. Afinal, nem todo material deve ser acessado por qualquer usuário. O problema é que, longe da vigilância pública, essa enorme área secreta (500 vezes maior que a web comum!) virou uma terra sem lei, repleta de atividades ilegais pavorosas.

PERIGOS DAS PROFUNDEZAS

"Internet secreta"é muito utilizada por criminosos

Só para VIPs

Os endereços da Deep Web podem ser bem bizarros, como uma sucessão de letras e números seguida do sufixo .onion, em vez do tradicional .com. Originalmente, sua função é positiva: proteger conteúdos confidenciais, como os de governos, bancos, empresas, forças militares e universidades, acessíveis só com login, por exemplo.

Ponto Cego

A Deep Web pode ficar dentro de sites comuns (na forma de arquivos e dados baixáveis) ou escondida em endereços excluídos de propósito dos mecanismos de busca. O Google nem faz ideia do que está lá: ele seria como um barco pesqueiro que só localiza suas presas na “superfície” do mar.

Zona de Guerra

Nem pense em se aventurar nesses mares. Eles estão cheios de crackers (hackers com intenções criminais), que adoram “fisgar” usuários descuidados. Como não há filtros de segurança, eles facilmente conseguem, por exemplo, “zumbificar” o computador de um internauta (controlando-o a distância sem que o dono note) e roubar dados.

Predadores Abissais

A parte podre tem até nome: Dark Web. Lá se encontra de tudo: lojas virtuais de drogas, pornografia infantil e conexões terroristas para venda de armas. Como tudo fica nas profundezas, não há jeito de governos e a polícia tirarem do ar. É como se os sites tivessem vida própria, sem donos, registros e documentação.

Módulo 2

80% do tráfego da Deep Web é gerado pela pedofilia

Gabriel Garcia – Info Abril – 02/01/2015

Mais de 80% do tráfego da deep web é gerado por visitas em sites de pedofilia, de acordo com um estudo sobre a rede Tor feito pela Universidade de Portsmouth, na Inglaterra.

O pesquisador Gareth Owen analisou durante seis meses o tráfego de sites que utilizavam a tecnologia da rede Tor para esconderem seus endereços de IP. O objetivo era descobrir quais eram as páginas que geravam mais tráfego na deep web.

De acordo com os resultados apresentados durante o Chaos Computer Congress, na Alemanha, Owen concluiu que apesar dos sites com material de pedofilia representarem apenas 2% das quase 45 mil páginas que usam a tecnologia da rede para se esconder, elas respondem por 83% do tráfego da rede Tor.

Owen deixa claro que os usuários da rede Tor não passam 84% do tempo visitando sites de pedofilia.

O estudo se restringiu aos sites que usavam a tecnologia da Tor para se esconder e não diz respeito aos hábitos dos usuários que buscam o anonimato garantido pela rede.

A pesquisa também descobriu que menos de um sexto dos sites que estavam online em março, quando a pesquisa começou, ainda estavam no ar em setembro, quando ela terminou, o que sugere que esses sites tem curto período de vida.

Owen também afirmou que sites relacionados à venda de drogas, como a Silk Road e o Agora, respondem por 24% dos sites da Tor, mas geram apenas 5% do tráfego. Sites de vazamento de arquivos, como o SecureDrop e o Globaleaks, são 5% das páginas, mas geram menos de 0,1% das visitas.

Em comunicado, a rede Tor questionou a validade da pesquisa, afirmando que os números podem incluir visitas feitas por polícias e grupos anti-abuso, além ataques de hackers que tentam derrubar essas páginas, por meio de ataques de negação de serviço.

Roger Dingledine, diretor-executivo da Tor, ressaltou que sites que se escondem nos servidores da rede respondem apenas por 2% do tráfego total da tecnologia de anonimato disponibilizada.

O próprio pesquisador chefe do estudo também afirmou que os resultados de sua pesquisa devem ser abordados com cautela. "Não sabemos as causas da contagem alta no tráfego e não podemos dizer com certeza que ele é gerado por humanos", afirmou Gareth Owen.

Mesmo assim, o estudo levanta novas questões para a rede Tor sobre como ela poderia tirar do ar sites com conteúdo pedofilico e identificar seus proprietários.

Conhece o mundo virtual no qual seu filho navega?

Dia desses, numa de minhas aulas, um garoto pré-adolescente me chamou para uma conversa. Questionou-me se eu conhecia a “Deep Web”. Como, até então, eu nunca ouvi nem li nada a respeito, ele começou a contar como passava grande parte das suas tardes na internet. Tal fato me causou apreensão, pois as histórias que ele me contava eram assustadoras. O assunto não saía da minha cabeça e, ao chegar em casa, fui pesquisar a respeito.

Conhecemos a internet convencional, que, segundo as fontes consultadas, representa apenas 25% do total, o restante faz parte da tal “Deep Web” ou “Hidden Web”, ou seja, a segunda representa uma enormidade do que existe no mundo virtual. Mas nem tudo são flores. Aliás, quase nada são flores.

Ao me aprofundar mais no tema, percebi o quão prejudicial esse mundo obscuro pode ser. Nele, há pouca coisa a ser aproveitada. Na realidade, lá pode ser encontrado tudo aquilo que de mais podre sai da mente humana: pedofilia, canibalismo, assassinatos, venda de drogas e armas, terrorismo, zoofilia, necrofilia etc. Mas não é possível acessar essas porcarias por meio de um navegador comum. Há a necessidade de softwares especiais.

Lá há uma imensidão de sites que ensinam a hackear, isto é, a ser um transgressor virtual. Ainda há de se tomar cuidado para que os próprios hackers não invadam o seu computador particular e furtem todas as senhas possíveis.

Nossas crianças e jovens sabem muito mais do que nós a respeito de tecnologia. Ministram aulas a respeito. Celulares de última geração, que só atrapalham a educação, pois os pais permitem que os filhos os levem para a escola; ipads, iphones, computadores, laptops e tantas outras ferramentas que seria impossível competir caso não houvesse a exigência da disciplina nas escolas. Os pais contribuem, em grande parte, para possíveis fracassos dos filhos.

Eu, na mais absoluta certeza, afirmo que nenhum responsável gostaria de saber que seu(sua) filho(a) navega num mundo virtual no qual há vídeos de pessoas sendo decapitadas, de estupros, pedofilia, execuções, drogas etc. Também, na mais absoluta certeza, creio que pouquíssimos (uma quantidade irrisória mesmo) pais fiscalizam o que os filhos fazem. Aí é que está. Não há psicológico que aguente tanta maldade, ainda mais quando o caráter e a personalidade estão em processo de formação.

Mesmo nas “reuniões de pais e mestres”, com pedidos dos professores aos responsáveis para que os filhos não levem celulares para a escola, ainda assim o problema persiste, o que dirá pedir para eles fiscalizarem os filhos em casa.

Será que você, responsável, conhece o mundo virtual no qual seu(sua) filho(a navega? Que mensagens ele(a) troca? Com quem ele(a) conversa? Quais as perspectivas de mundo que ele(a) está criando para si? QUEM É O SEU (SUA) FILHO(A)? Meu intuito, com esse artigo, é alertá-lo(a), responsável. Não podemos perder nossas crianças e jovens para o mundo vil. Juntos podemos educá-los para a vida.

Módulo 3

Nem tudo são trevas: o lado bom da Deep Web

A infame versão underground da internet tem mais a oferecer do que uma janela para os demônios da Humanidade. Saiba como ela protagonizou os mais recentes (e positivos) acontecimentos históricos do século XXI

por João Mello - Editora Globo

Anonimato para os indivíduos, transparência para os poderosos: Assange e a Deep Web dividem o mesmo lema

Há quem diga que o Google só consegue rastrear 1% do que existe online. Os outros 99% estariam na chamada Deep Web. Você já deve ter ouvido falar dela – e, se ouviu, provavelmente ficou em choque. Canibalismo e necrofilia são duas palavras comumente associadas a essa espécie de internet paralela, e servem como base para se ter uma noção do tipo de perversidade que se passa por lá.

Mas será que a internet paralela não é essa que a gente usa e a internet real é a própria Deep Web? Essa hipótese parece imunda se você pensar nas coisas macabras que existem por lá, mas talvez seja preciso ir além e ver que tem muita coisa boa sendo feita ali embaixo. Você vai esbarrar em um tráfico de drogas aqui, um assassinato ali, a conexão é bem mais lenta, mas sabendo navegar (ou seja: sabendo onde não clicar) a experiência pode ser muito mais enriquecedora do que estamos acostumados.

Há sempre um lado que pesa e outro lado que flutua

Na Deep Web tudo funciona na base de fóruns, exatamente pra dificultar o rastreamento por parte das autoridades. Você não vai encontrar sites bonitinhos. Você não vai encontrar muita coisa bonitinha (fotos de gatinhos trapalhões ficam restritas à web nossa de cada dia) tanto na estética como no conteúdo: apenas listas com um layout de internet do século XX, remetendo a tópicos desconcertantes, assombrosos ou repreensíveis – pegue o adjetivo mais sombrio que lhe ocorrer, coloque-o em cima do ombro e se prepare pra ser apresentado: “Oi, eu sou a Humanidade e quando não tem ninguém olhando é isso que eu faço”.

Claro que a parte bizarra da Deep Web é alimentada e consumida por gente de alma depravada e de vontades condenáveis em quase todas as religiões e épocas. Mas será, será mesmo, que é só isso?

Na internet normal você tem segurança, mas não tem anonimato. Na Deep Web você não tem segurança, mas tem anonimato. E esse exagero de privacidade da Deep Web pode ser usado para fins bem menos espúrios do que pedofilia, estupro e encomenda de assassinatos. Quer dizer, se a sociedade não está pronta para ver criancinhas mortas (é bom que não esteja), talvez ela também não esteja preparada para coisas como nível zero de censura ou documentos governamentais abertos ao público (ia ser bom se ela estivesse).

Muitos correspondentes internacionais se comunicam com suas respectivas redações por meio da Deep Web. Países como Irã, Coreia do Norte e China costumam controlar a internet convencional, sobretudo se quem estiver navegando nela for um jornalista estrangeiro. Nesse caso, usar a Deep Web é um jeito de burlar a censura. Especialistas acreditam que a própria Primavera Árabe não teria existido sem a Deep Web.

O Wikileaks e o Anonymous dificilmente teriam incomodado tanta gente poderosa se não fosse pela versão underground da internet. É lá que as quebras de sigilo começam – e foi graças a esse espaço que os próprios Anonymous divulgaram a identidade de quase 200 pedófilos no final de 2011.

Existem até agências que se dedicam exclusivamente a monitorar a Deep Web. Assim como assessorias de imprensa têm que rastrear a internet em busca de menções online de seus clientes, a Bright Planet vasculha a DW para encontrar virtualmente qualquer coisa. Em seu site, eles dividem suas ações em três: Governo (“ajudamos o Serviço de Inteligência dos EUA na Guerra Contra o Terror), Negócios (“seu negócio depende de inteligência em tempo real sobre coisas como propriedade intelectual”) e Usuários Únicos (“indivíduos encontram dificuldade em usar os mecanismos de busca convencionais”). A Bright Planet não divulga sua cartela de clientes em seu site.

A disseminação de conhecimento e bens culturais na parte de baixo da web também é mais radical do que estamos acostumados. Fóruns de programação bem mais cabeçudos que os da internet superficial, livros até então perdidos, músicas que são como achados em um sítio arqueológico em Roraima, artigos científicos – pagos na web normal, gratuitos na Deep – Tudo que existe na web, existe de maneira muito mais agressiva na DW. Tanto pro bem quanto pro mau.

Três coisas que você precisa saber sobre a Deep Web:

- Para navegar na Deep Web, as pessoas costumam usar o TOR (The Onion Router), um software que impede que suas atividades online fiquem registradas e sejam bisbilhotadas por quem quer que seja. É o browser mais seguro e privativo - fatores importantes, tendo em vista que a Deep também é pródiga em vírus de todos os tipos e tamanhos.

- O principal jeito de usar a DW, pelo menos para um principiante, é a Hidden Wiki, o Google do subsolo internético. Ele é o índice que vai te levar para os locais em que você desejar. InfoMine e WWW Virtual Library são as plataformas mais recomendadas para busca de conteúdo acadêmico.

- Uma dica recorrente é: enquanto estiver na Deep Web não baixe nada, não fale com ninguém. A internet está cada vez mais censurada e pode ser que a DW seja sim a alternativa para a boa e velha (e nunca vista) liberdade totalitária. Contudo, se você resolver se aventurar de fato, é bom parar um minutinho e pensar em tudo que os homens podem fazer quando não tem ninguém dizendo não.

Created By
Maria Beatriz Cruz
Appreciate

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