Texto de Paula Autran
Uma grande selfie das comunidades do Rio, feita por quem está dentro delas. Talvez esta seja a melhor definição de "Favelagrafia", projeto que tem como objetivo focar em nove favelas para desconstruir a imagem que salta aos olhos de quem está de fora e que só enquadra a violência quando se volta para elas. Para isso, foram selecionados nove fotógrafos amadores, com muitas ideias na cabeça e um iPhone SE nas mãos. O resultado foram dez mil fotos tiradas de julho para cá, muitas delas já compartilhadas.
Pelo menos uma você pode já ter visto: mostra cinco jovens com camisas cobrindo seus rostos numa escadaria do Morro do Turano, portando instrumentos musicais de sopro como se fossem fuzis. A legenda resume o conteúdo: "nem todo mundo usa as mesmas armas". Foi feita por Anderson Valentim, morador do Borel, mas, como músico que também é, aproveitou a chance de dar um recado duas semanas depois de uma guerra na comunidade vizinha. Essas e outras 179 imagens podem agora ser apreciadas como obras de arte no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), que até o dia 4 de dezembro abre as portas para a exposição do resultado do projeto. Veja aqui uma pequena mostra do trabalho. Selecionamos duas fotos de cada um dos nove artistas. A foto aí de cima é do Saulo Nicolai, do Morro dos Prazeres.
Artistas envolvidos: Anderson Valentim (Borel), Saulo Nicolai (Morro dos Prazeres), Omar Britto (Babilônia), Rafael Gomes (Rocinha), Jessica Higino (Morro da Mineira), Joyce Marques (Providência), Elana Paulino (Santa Marta), Josiane Santana (Alemão) e Magno Neves (Cantagalo).