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Charge solidária por Carlos Latuff

Vacina Pra Favela, Já!

O Painel Unificador Covid-19 nas Favelas vem desde julho publicando dados sobre o alcance da Covid-19 nas favelas do Rio de Janeiro, na ausência de dados produzidos e publicados na parte das prefeituras ou do Estado. Sabemos desde o começo que a pandemia afeta as favelas de forma desproporcional, porém as autoridades em nenhum momento realizaram políticas voltadas especificamente para estes territórios.

Hoje, com a chegada da vacina, digamos um 'basta!' à política de negligência. As favelas têm que ser priorizadas no Plano de Vacinação contra Covid-19.

Seja pela falta d'água nas casas, acesso fácil aos serviços de saúde, altos índices de servidores essenciais e informais para os quais o isolamento social é inviável, dificuldade de se isolar, alta densidade intergeracional nas moradias, falta de informações adequadas, e inúmeros outros fatores, Além do mais, são as pessoas com mais dificuldade de seguir os protocolos de segurança, gastar com máscaras. É indiscutível que devemos buscar formas de priorizar os moradores destes territórios na política da vacina.

Por todos estes e muitos outros motivos, os coletivos e instituições por trás do Painel Unificador Covid-19 nas Favelas lançou, no dia 10 de fevereiro de 2021, junto ao Dia Estadual de Mobilização para Enfrentamento da COVID-19 nas Favelas do Rio de Janeiro, a campanha "Vacina Pra Favela Já!" O objetivo é conclamar as autoridades do Rio de Janeiro a realizar de imediato ações que garantam acesso às vacinas prioritariamente nas favelas.

Em 15 de março de 2021, as 21 organizações integrantes do Painel, junto à mais 27 parceiros (para um total de 48 organizações), enviou uma carta aberta a 160 gestores públicos municipais e estaduais da região metropolitana do Rio de Janeiro, demandando um plano imediato para vacinação prioritária nas favelas e para população de rua. Leia a carta, na íntegra, aqui.

Vozes do Painel: Porque priorizar a vacinação nas favelas?

"Porque boa parte da população da favela trabalha na linha de frente e usa transporte público (que em sua maioria estão sempre além da capacidade e da possibilidade de distanciamento social). Além disso, a maioria dessa população, ao pegar Covid-19 vai depender totalmente do sistema público de saúde que carece de leitos. Ainda mais, é muito mais desafiador cumprir as medidas de distanciamento social e lavagem das mãos em territórios periféricos, pois a densidade habitacional é maior e a rede de saneamento básico é escassa em boa parte das localidades."Amanda Scofano (Doutoranda, PUC-Rio)

"A população favelada e periférica deve ter prioridade na vacinação por alguns fatores. Primeiro porque geralmente estes territórios são mais precarizados em relação ao acesso a água, a questão da moradia—com famílias grandes e moradias pequenas onde todo mundo tem muito contato o tempo todo, o que dificulta a contenção do vírus. Em segundo lugar porque são as pessoas que moram nestes territórios, que trabalham em diversas áreas, inclusive áreas essenciais, embora não listados como tal. No setor de transporte e comércio de modo geral. Então, se nós não formos vacinados, podemos continuar promovendo a circulação do coronavírus. Porque trabalhamos em diversas partes da cidade, apesar de certa segregação, não ficamos contidos na favela. Por mais que moremos neste lugar que já tem uma situação mais precária de proteção, também trabalhamos nestes diversos setores da sociedade, então se não tivermos protegidos, podemos espalhar o vírus por diversas partes da cidade." Douglas Heliodoro (Coletivo Conexões Periféricas, Rio das Pedras)

"Sugerimos acrescentar as populações residentes em território de favela [como prioritárias no Plano de Vacinação], pois são os cidadãos que têm mais dificuldades no acesso a serviços de saúde e que convivem em condições muito propícias para disseminação da doença: com domicílios próximos uns dos outros, com poucos cômodos nos domicílios, concentração de pessoas por domicílios, com menos acesso a serviços de saneamento e onde grande parte de seus moradores não possuem vínculo empregatício e, consequentemente o trabalho presencial é a única possibilidade de aquisição de recurso para subsistência de suas famílias." Renata Gracie (vice-coordenadora do Laboratório de Informação em Saúde-LIS/ICICT/Fiocruz)

"Sabe-se que justamente essas pessoas, principalmente as que moram na periferia, passam mais tempo em deslocamento pela cidade e, consequentemente, tem uma possibilidade maior de ter contato com o vírus." — Andressa Cabral Botelho (Maré de Notícias)

"Imagina uma mãe, sem opção de ficar em casa e tendo que sair para trabalhar, tentando convencer a filha—que já perdeu um ano letivo—a ficar parada em casa para diminuir a chance de a vó pegar Covid? Impossível, né? Imagina isso numa favela onde crianças estão acostumadas com a comunidade como extensão do lar? A criança sem escola pra ir, sem opção de ensino remoto, sem espaço dentro de casa para brincar. Enquanto isso, a vó sem acesso a testes ou saúde de qualidade caso adoeça. Imagina o desespero diário desta mãe? Agora, compare essa realidade com outras da nossa sociedade. De famílias com lares separados por gerações, crianças no ensino remoto, pais no trabalho virtual. Não há dúvida que as favelas devam ter prioridade para a vacina, por uma questão tanto pragmática quanto de justiça social." Theresa Williamson (Comunidades Catalisadoras, ComCat)

"As favelas deveriam ser as priorizadas porque são as [áreas da cidade] que mais sofrem em todos os sentidos, por conta tanto da pandemia quanto outras doenças, tuberculose, saneamento básico, falta d'água. Tendo em vista que muitas favelas tem a Clínica da Família, o que facilitaria um pouco mais para vacinação, o governo deveria priorizar estas famílias que moram nestes lugares."Otávio Alves Barros (Presidente da Cooperativa Vale Encantado, Alto da Boa Vista)

"A vacinação deve ser prioritária nas favelas por serem territórios historicamente invisibilizados. As pessoas que vivem nas favelas precisam buscar diariamente meios para sua sobrevivência... precisaram tomar a decisão de se expor ao vírus ou a falta de alimento. Pessoas que garantiram a continuidade de serviços básicos na cidade, mas ao mesmo tempo estão desprovidos desses serviços no lugar onde moram. A vacinação deve ser prioritária pois desde o início, a contenção do vírus se mostrou um desafio em territórios onde não há saneamento básico, as moradias são extremamente precárias e as famílias precisam dividir cômodos pequenos com várias pessoas. Garantir a vacinação prioritária nas favelas, é garantir o cuidado a quem mais está vulnerável e ao mesmo tempo, conter a propagação do vírus." — Andressa Good (TETO)

"Não contam com acesso fácil aos serviços de saúde. Quando são, passam pela perversidade de ver as unidades sendo sucateadas ou fechadas, a exemplo da UPA de Manguinhos, fechada no dia 6 de janeiro deste ano." - Rachel Viana (Pesquisadora de pós-doutorado da Casa de Oswaldo Cruz e professora da Rede Estadual do RJ)

"Na favela as pessoas são as mais prejudicadas, [são as pessoas] que estão na linha de frente [da pandemia]." - Ana Leila Gonçalves (Presidente-Fundadora da Associação Centro Social Fusão/Mesquita RJ)

Já ocorreram mais mortes nas favelas do Rio de Janeiro do que em 162 países inteiros. O número de mortes nas favelas ultrapassa o de mortes no Paraguay (2846), Dinamarca (2216), Costa Rica (2692), Austrália (909), Venezuela (1240), Moçambique (465), Tailândia (79), Camarões (474), Malásia (909), e muitos outros. Fonte: Painel Unificador Covid-19 nas Favelas (favela.info)

Como os Governos Podem Priorizar as Favelas?

  1. Retorno do auxílio emergencial em R$600 até que a vacina chegue a todos.
  2. Inserindo moradores de favela na fase 4 na ordem de vacinação.
  3. Garantindo vacinas prioritariamente em postos e clínicas da família dentro e próximas às favelas e a devida infraestrutura para armazenamento e distribuição das doses.
  4. Disponibilizando vacinas para uma maior parcela da população adulta em áreas de favela.
  5. Priorizando servidores essenciais e vulneráveis como motoristas, entregadores, seguranças, jardineiros, catadores, caixas, faxineiras, cuidadores, trabalhadores de construção e informais.
  6. Possibilitando outros pontos de vacinação em locais facilmente acessíveis, por exemplo próximos a terminais de trens e ônibus, desde que de forma organizada, sem apresentar riscos de aglomeração ou impedimento do direito de ir e vir da população. Exemplos de locais sugeridos: ginásios esportivos, reativar hospitais de campanha ainda não completamente desmontados, realizar parcerias com clubes, ONGs e afins.
  7. Retorno do auxílio emergencial em R$600 até que a vacina chegue a todos.
  8. Garantindo vacinas prioritariamente aos professores da Rede Pública de Ensino Estadual e Municipal para um possível plano de volta às aulas com segurança para profissionais do ensino, comunidade estudantil e as famílias.

Como Apoiar a Campanha "Vacina Pra Favela Já!"

Participe divulgando a campanha vacinaja.favela.info pelas suas redes sociais usando as hashtags #VacinaPraFavelaJa #FavelaContraPandemia #MobilizaFavela #FavelaResiste

Sobre o Painel Unificador-Covid-19 nas Favelas

Coletivos e organizações que fazem parte do Painel Unificador Covid-19 nas Favelas:

A.M.I.G.A.S. | Centro Social Fusão | Coletivo Conexões Periféricas-RP | Comunidades CatalisadorasCovid por CEP | Data_Labe | Dicionário de Favelas Marielle Franco | Fala Roça | Favela Vertical | Fiocruz | Fórum Grita Baixada | Frente de Mobilização da Maré | Instituto Educacional Araujo Dutra | LabJaca | Maré de Notícias | Mulheres de Frente | Observatório de Favelas | PerifaConnection | Redes da Maré | SOS Providência | TETO

Links Relevantes do Painel Unificador Covid-19 nas Favelas

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Cobertura do Painel Unificador na Imprensa:

CNN Brasil — 7 de janeiro, 2021 Fiocruz iniciará até fevereiro ações de combate à Covid-19 nas favelas do Rio

Agência de Notícias das Favelas – 28 de dezembro, 2020: Importância da relatoria local dos casos de Covid-19 nas favelas

TVI24 — 11 de dezembro, 2020 Se as Favelas do Rio de Janeiro Fossem um País Seriam o 50º com Mais Mortos por Covid-19 [TV Portugal]

Meia Hora — 11 de dezembro, 2020: Maior Tragédia Sanitária do Brasil

Agência Brasil — 10 de dezembro, 2020: Coletivos cobram medidas de proteção contra Covid-19 nas favelas do Rio

Rádio Agência Nacional — 10 de dezembro, 2020: Favelas do Rio registram 2 mil mortes por Covid-19, segundo painel

SBT Brasil — 10 de dezembro, 2020: Favelas do Rio registram mais mortes por Covid-19 que 121 países

Brasil de Fato — 10 de dezembro, 2020: Painel das Favelas registra 56% mais casos de covid do que dados da Prefeitura do Rio

O Dia — 9 de dezembro, 2020: Favelas do Rio de Janeiro possuem mais mortes por covid-19 do que 121 países

CNN Saúde — 8 de dezembro, 2020: Favelas da Região Metropolitana do RJ têm mais casos de Covid-19 que 142 países

Icict/Fiocruz — 8 de dezembro, 2020: Transporte público na pandemia é o tema da coletiva do Painel Unificador das Favelas, dia 10/12, às 14h

Rede Covida — 30 de outubro, 2020 Iniciativa exalta como dados podem salvar vidas nas favelas do Rio

Fundação Oswaldo Cruz — 26 de outubro, 2020: Painel Unificador Covid-19 nas Favelas lança vídeo sobre a importância da coleta de dados na pandemia

Correio da Manhã — 27 de outubro, 2020: Painel Unificador Covid nas Favelas lança campanha

Notícias Gerais — 27 de outubro, 2020: Campanha das Favelas Mostra Como Dados Podem Salvar Vidas

Agência de Notícias das Favelas – 26 de outubro, 2020: Painel Unificado Covid-19 nas Favelas lança campanha sobre importância do acesso à informação

Projeto Colabora — 4 de outubro, 2020: Luta que vem de dentro

Rádio Nacional — 20 de agosto, 2020: Rio de Janeiro registra 202 mil casos de Covid-19 e 15 mil mortos

Agência Brasil — 13 de outubro, 2020: Rio: 1,4 mil mortes por covid-19 foram em favelas, mostra painel

Fundação Oswaldo Cruz — 12 de agosto, 2020: Painel Unificador de Favelas realiza segunda coletiva nesta quinta-feira, 13/08

O Dia — 3 de agosto, 2020: Sinal de Alerta na Maré

Shareable The Response Podcast — 28 de julho, 2020: The Response: Crowdsourcing data to fight the pandemic in Rio’s favelas [PODCAST EUA]

The Sociable — 27 de julho, 2020: Neglected by govt, Brazilian favela organizations take COVID-19 data collection into their own hands [Colombia/EUA]

O Globo — 23 de julho, 2020: Favelas contestam dados oficiais de mortes pelo coronavírus em comunidades do Rio e criam painel próprio

Vax Before Travel — 14 de julho, 2020: Rio Resolves Outbreak Under-Reporting

Rádio Agência Nacional — 10 de julho, 2020: Plataforma online vai reunir dados sobre a Covid-19 em 120 favelas do Rio de Janeiro

Fundação Oswaldo Cruz — 10 de julho, 2020: Movimentos lançam Painel Unificador Covid-19 nas Favelas

SBT — 10 de julho, 2020: Covid-19: casos não registrados podem ser maiores do que o total de infectados na cidade [TV]

Agência Brasil — 9 de julho, 2020: ONG lança painel para coletar dados da Covid-19 em favelas by Alana Gandra, also Época Negócios

Agência de Notícias das Favelas — 9 de julho, 2020: Painel unifica dados sobre Covid-19 em favelas do Rio

O Dia — 9 de julho, 2020: Covid-19: painel lançado por comunidades do Rio mostra alto número de óbitos em favelas

Reuters — 9 de julho, 2020: Rio’s favelas turn to technology to fight underreporting of coronavirus cases [EUA]

G1 — 9 de julho, 2020: Dados divulgados por entidades de favelas do Rio mostram números da Covid-19 maiores que os oficiais

TV Globo / Bom Dia Rio — 9 de julho, 2020: Comunidades do Rio lançam painel sobre número de casos do coronavírus nas favelas [TV]

Contato: covid19nasfavelas@comcat.org ou (21) 991976444.

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Charge por Carlos Latuff