Paulo Palma Beraldo/De Olho no Campo - Fotos: Associação Brasileira de Angus
São Paulo, 04/12/2017 - Capaz de aumentar o ganho de peso do animal e agregar valor à carne, a raça Angus cresceu 150% nos últimos seis anos. Com ações de marketing precisas e números que comprovam suas qualidades, a raça tem se consolidado cada vez em mais regiões do País. O último relatório da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), de 2015, indica a venda de 4,27 milhões de doses de sêmen, frente a 3,7 milhões do ano anterior.
José Roberto Pires Weber, presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA), diz que a raça cresceu 150% nos último seis anos - a média nacional foi de 50%. Segundo ele, a expansão deve-se ao uso da genética Angus em cruzamento industrial no Brasil Central. "Considerando a venda de sêmen e a produção através do uso direto de touros, estimamos uma produção anual de 3,5 milhões de bezerros no Brasil". Isso equivale a 7% do total de bezerros nascidos a cada ano.
Foco na carne. José Weber diz que o Angus está crescendo em todo o Brasil porque pode agregar qualidade à carne e propiciar aos produtores receber bonificações pelo produto final. Ele diz que há diversos novos núcleos de criadores em estados como Rio de Janeiro, Rondônia, Mato Grosso e Tocantins.
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Uma das ações é o Programa Carne Angus, criado em 2003 em parceria com a indústria frigorífica. Segundo o presidente da ABA, o programa se baseia na certificação de carcaças de animais Angus ou cruzamentos de Angus que atendam a requisitos pré-estabelecidos como idade máxima de abate, peso, índice de marmoreio e acabamento de carcaça.
O programa envolve cerca de 5 mil pecuaristas em 12 estados. "O Carne Angus reúne 36 unidades frigoríficas de 13 empresas", acrescenta. Até 2020, a meta é abater 1 milhão de animais por ano. Só em 2016, 500 mil cabeças de gado foram abatidas com bonificação graças à qualidade da carcaça.
Em 2017, novos mercados no Oriente foram abertos e algumas cargas atingiram até US$ 20 mil por tonelada (cerca de 5 vezes mais que o preço da tonelada de carne "comum"). "É uma prova do potencial de agregação de valor do Angus".
"Ganhar mais espaço passa por produzir mais e ampliar o rebanho. A Angus não é lucrativa apenas no frigorífico, onde pode obter bonificações de até 10%. A raça é rentável da porteira para dentro, com alta precocidade reprodutiva, ganho de peso, aptidão materna e fertilidade", diz José Weber, presidente da Associação Brasileira de Angus
Marketing
Weber acredita que o marketing contribui para fortalecer e divulgar as qualidades já intrínsecas dos cortes Angus. "Os projetos de divulgação só ocorrem porque é possível demonstrar o que estamos falando", afirma. Em feiras internacionais, ele diz que as degustações são o ponto alto da programação e encantam os visitantes pelo sabor diferenciado.
Ele explica que a ABA busca falar com o consumidor sem deixar de lado o produtor. "Procuramos estar próximos dos produtores em seus núcleos e fazer ações que levem aos criadores informações diferenciadas sobre as raças".
Angus Beef Week
Com o objetivo de melhorar a percepção dos consumidores quanto à origem e qualidade da carne bovina produzida no País, restaurantes e boutiques de carnes participaram em São Paulo em novembro da Angus Beef Week. A ação é promovida pela Associação Brasileira de Angus (ABA) e pelo Terraviva Eventos.
Esta edição ganhou um concurso para identificar qual o melhor prato com carne Angus. A ideia atraiu centenas de consumidores e 14 restaurantes da capital paulista. Juliana Chini, idealizadora do concurso e criadora do Blog da Carne, conta que o projeto buscou tornar a Beef Week mais "divertida e interativa".
Novidades
O Angus Ultrablack, raça sintética que deve contribuir para melhorar a qualidade de carne na pecuária brasileira, teve registro homologado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento em fevereiro de 2017.
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O Ultrablack nasceu do cruzamento entre as raças Brangus e Angus. A união resulta em um bovino com 82% de sangue Angus e 18% de zebu, eficiente na produção de carne de qualidade e capaz de suportar as condições climáticas e nutricionais impostas pelo Brasil Central.
“Reconhecida mundialmente pela qualidade de carne, a raça Angus ajuda a resolver uma série de gargalos na gastronomia brasileira, antes refém de produtos importados e com uma qualidade de carne não tão boa”, explica Antônio Miranda, diretor da VPJ Alimentos, sediada em Pirassunga-SP. A empresa foi a primeira a registrar o Angus Ultrablack no País. A companhia produz mais de 600 toneladas de cortes gourmets por mês, atendendo importantes endereços da alta gastronomia do País.