'Esperamos um recorde de importação de gado brasileiro' Entrevista com vice-presidente da Câmara de Comércio Brasil Iraque

Paulo Palma Beraldo/Blog De Olho no Campo

SÃO PAULO - Milhares de bois e vacas brasileiros têm percorrido mais de 11 mil quilômetros em navios rumo ao Iraque. O motivo? A parceria comercial entre os dois países, que busca reconstruir o rebanho iraquiano, destruído pela guerra. Nos últimos cinco anos, quase dois milhões de animais perderam a vida com a devastação causada por extremistas do Estado Islâmico. Com o fim da guerra, o governo do Iraque vai reduzir os esforços em defesa e estimular a economia.

"O projeto busca, em um primeiro momento, reforçar a pecuária de corte e depois, a de leite", explica Jalal Jamel Dawwod Chaya, vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil Iraque. O objetivo é dar condições de as pessoas voltarem para o campo, já que muitos deixaram tudo para trás para fugir das armas e bombas. O Iraque já importou animais do Sudão, Somália e da Índia, mas o gado brasileiro se deu melhor no país, principalmente em relação ao clima.

"Descobrimos um produto de qualidade, mais adaptado e de sabor melhor", explica Jalal. Cerca de cinco mil animais por mês irão para o Iraque. "Esperamos um recorde este ano". O governo local investirá US$ 400 milhões para apoiar projeto agropecuários no país de 37 milhões de habitantes.

Mapa do Iraque com as principais cidades. Reprodução/Internet

"Queremos criar relações duradouras entre os dois países", diz Chaya. Ele explica que o Brasil conhece a tecnologia necessária para criar o gado, de forma que haverá espaço para a indústria de vacinas, de tecnologia e de ração. "Não é só vender o boi, mas mostrar como alimentar, explicar qual o melhor manejo, incentivar o consumo da carne, apresentar como preparar", exemplifica.

Iraque quer diversificar economia, explica Jalal Chaya, vice-presidente da Câmara de Comércio Brasil Iraque. Foto: Paulo Palma Beraldo/De Olho no Campo

Diversificação. A economia iraquiana tem uma forte dependência do petróleo, mas o preço da commodity caiu no mercado internacional - em 2011, estava na casa de US$ 120 - na média de 2017, está um pouco acima dos US$ 40. Por isso, o governo quer estimular a agricultura, a indústria e o setor de serviços.

Report Abuse

If you feel that this video content violates the Adobe Terms of Use, you may report this content by filling out this quick form.

To report a Copyright Violation, please follow Section 17 in the Terms of Use.