Paulo Palma Beraldo/De Olho no Campo
09/11/2017 - O De Olho no Campo conversa hoje com Alexandre Vinicius de Assis, gerente de vendas da Valtra, uma das principais fabricantes de tratores e e máquinas agrícolas do País. A Valtra fez uma série de lançamentos em 2017, especialmente em tratores acima de 100 cavalos, buscando redução de custos para o agricultor e melhoria de performance.
A finlandesa Valtra foi comprada pela norte-americana AGCO em 2003 por 600 milhões de euros. A companhia atua em 75 países, com destaque para os da Escandinávia e América do Sul, e produz 24 mil tratores por ano em suas fábricas no Brasil, em Mogi das Cruzes, e na Finlândia, na cidade de Suohati.
De janeiro a setembro, foram comercializados 28.700 tratores no País. Ao lado de Massey Ferguson e John Deere, a companhia é uma das líderes desse mercado. Na conversa abaixo, Assis deu um panorama do setor no Brasil, falou sobre expectativas para 2018, o papel dos jovens no campo e das últimas tecnologias lançadas pela empresa.
Diversificação. Além dos tratores de pequeno, médio e grande porte, a Valtra comercializa colheitadeiras, pulverizadores, semeadoras, plantadoras e todos os equipamentos necessários para o segmento canavieiro, um dos mais importantes para o faturamento da companhia.
Como está o mercado de tratores e máquinas agrícolas em 2017?
Estamos em um ano de recuperação no mercado doméstico. As principais commodities mantêm preços médios e isso faz com que permita fazer investimentos. Ainda tem um crescimento, principalmente no que chamamos de atacado, do que é tirado das fábricas. Mas se olhar em um espaço maior, em torno de 10 anos, o mercado cresceu muito.
Uma preocupação é a questão do financiamento. Os recursos foram menores e isso impacta na decisão de compra. Isso não permitiu que o mercado crescesse conforme havíamos previsto. Mas, independentemente do cenário, 2018 pode ser um ano muito forte.
A empresa também tem uma forte participação no setor canavieiro...
A Valtra tem uma participação forte no setor de tratores pesados basicamente devido ao segmento de cana. Nos seus 57 anos de história, sempre fomos líder no segmento canavieiro e essa é a faixa consumida nesse setor.
O consumo de equipamentos nesse segmento é muito alto quando comparado a um mercado como de grãos. Um trator no setor canavieiro pode trabalhar 3.500 horas por ano, enquanto em uma plantação de soja não passa de 700 horas por ano. A renovação da frota precisa ser muito mais rápida.
Mudando um pouco de assunto, como a Valtra tem feito para atrair os jovens para atuar no campo?
Vi uma mudança muito grande nos últimos anos. Antes, tinha uma certa resistência dos jovens. Mas a força do agronegócio está sendo muito mais reconhecida. Isso está chegando para os jovens, principalmente em termos de tecnologia.
O que faz os jovens se aproximarem do campo é a tecnologia, com agricultura de precisão, piloto automático, isso traz ele para perto do negócio. Essa resistência vem diminuindo dia a dia.
No campo, no dia a dia, encontramos os filhos dos agricultores assumindo e se preparando mais. É uma geração muito diferente, nascida na internet, tem uma facilidade muito grande com a tecnologia.
Nas feiras, procuramos sempre mostrar que a tecnologia está presente, mas uma tecnologia que dá resultado. Não adianta inovação ou informações que não agreguem e que no final da conta não acabem com um resultado positivo.