Questões de partida
Será a Biblioteca Escolar capaz de contribuir para a definição de um dígito emocional que influencie a eficácia da aprendizagem promotora da felicidade e do bem-estar?
Estarão as bibliotecas escolares preparadas para fornecerem serviços inovadores e inclusivos, nas escolas e fora delas?
Estaremos preparados para reconfigurar a conceção de biblioteca, transformando as estruturas físicas em híbridas e virtuais, originando centros de apoio à formação de alunos e ao exercício da atividade pedagógica dos professores?
O que mudou desde o início do século XX até agora?
Que ensinamentos do passado?
Que questões devemos colocar sobre a utilização da tecnologia em educação?
O mundo muda a uma velocidade vertiginosa. E a escola?
Novo paradigma - impacto a todos os níveis da sociedade
“Como podemos preparar os estudantes para empregos que ainda não foram criados, para enfrentar desafios sociais que ainda não podemos imaginar e para utilizar tecnologias que ainda não foram inventadas? Como podemos equipá-los para prosperarem num mundo interligado onde precisam de compreender e apreciar diferentes perspetivas e visões do mundo, interagir respeitosamente com os outros e tomar medidas responsáveis em prol da sustentabilidade e do bem-estar coletivo?”
OCDE (2015). Future of Education and Skills 2030
Bússola de Aprendizagem 2030
A metáfora de um bússola de aprendizagem foi adoptada para enfatizar a necessidade de os estudantes aprenderem a navegar de forma autónoma em contextos (des)conhecidos.
As componentes da bússola incluem fundamentos, conhecimentos, aptidões, atitudes e valores fundamentais, competências transformadoras e um ciclo de antecipação, acção e reflexão.
"A educação já não é apenas ensinar aos estudantes algo específico; é mais importante ensiná-los a desenvolver uma bússola e ferramentas de navegação confiáveis para que eles possam encontrar o próprio caminho num mundo cada vez mais complexo, volátil e incerto. A nossa imaginação, consciência, conhecimento, competências e, o mais importante, os nossos valores comuns, maturidade intelectual e moral e sentido de responsabilidade são o que nos guiará para o mundo se tornar um lugar melhor."
Andreas Schleicher (2019). Presentation at the Forum on Transforming Education, Global Peace Convention
Coexistência entre o mundo fisico e o digital
O que se passa no mundo físico afeta o digital e vice versa
The Onlife Manifesto (2015)
Iniciativa Onlife - lançada pela Comissão Europeia, para compreender o que significa ser humano nesta realidade hiperconectada
QUE ALTERAÇÕES?
- Autoconceito
- Interações com o outro
- Conceção da realidade que nos rodeia
- Interação com essa realidade
"Refletir sobre uma realidade hiperconectada requer reconhecer como as nossas ações, percepções, intenções, moralidade, até mesmo a nossa corporalidade estão entrelaçadas às tecnologias."
Floridi, Luciano https://slideplayer.com.br/slide/14808985/
Transformação digital - mudança estrutural - a tecnologia melhora o desempenho e garante melhores resultados.
- Mais e melhor comunicação e colaboração
- Menos burocracia
- Inovação nas práticas de trabalho: ao nível do ensino e da aprendizagem e nas práticas organizacionais
- Mais conhecimento assente no tratamento de informação
Abordagem centrada nas pessoas
O meio não é o foco (físico ou digital), mas sim as pessoas, as comunidades
Estabelecer ligações / relações - EMOÇÕES
Os estudos na área da neurociência demonstram que as emoções têm impacto fulcral na aprendizagem
As funções cognitivas, como o pensar, o induzir, o raciocinar e o tomar decisões, são guiadas pela emoção e pela avaliação e julgamento das consequências das ações.
Damásio, A. (2010). O livro da consciência. Lisboa: Círculo de Leitores.
A evidência neurobiológica sugere que os aspetos da cognição que mobilizamos mais intensamente nas escolas, designadamente aprendizagem, atenção, memória, tomada de decisão e funcionamento social são profundamente afetados por processos da emoção, A estes aspetos chamamos pensamento emocional.
A. Damásio
Conceção holística: abordagem integrada em todas as suas dimensões
Importância dos referenciais europeus que balizam a ação das escolas e dos professores
- DigComOrg - Referencial Europeu para as Competências Digitais das Organizações Educativas
- DigComEdu - Quadro Europeu de Competência Digital para Educadores
Inovar - Mudar práticas
- Implementar novas formas de organizar o espaço e o tempo
- Ensinar e aprender de forma diferente
- Colaborar, partilhar, experimentar, avaliar, melhorar
- Envolver "peritos" em determinadas áreas
- Procurar respostas "out of the box"
A biblioteca escolar ...
- É um espaço congregador.
- Vive "fora das paredes" - está onde e quando é necessária.
- Promove uma cultura de saber na escola.
- Contribui para o desenvolvimento das diferentes literacias.
- Mobiliza a correta utilização de recursos tecnológicos que caracterizam a nossa sociedade.
- Promove a autoformação.
- Valoriza o saber formal mas potencia os saberes informais.
- Favorece a igualdade de oportunidades no acesso ao conhecimento e ao exercício da cidadania.
A experiência do aluno deve ser interdisciplinar, holística, integrada
As bibliotecas serão cada vez mais serviços inovadores e inclusivos, nas escolas e fora delas, cuja gestão estratégica equilibrará a flexibilização de espaços físicos com a criação de ambientes virtuais de aprendizagem, a organização de coleções de documentos em formato físico com a curadoria de recursos digitais, um serviço de referência presencial com um apoio a distância, reconfigurando assim a conceção de biblioteca, transformando estas estruturas físicas em bibliotecas híbridas, também virtuais, centros de apoio à formação de alunos e ao exercício da atividade pedagógica dos professores.
In: RBE (2021). Bibliotecas Escolares: presentes para o futuro. Quadro estratégico: 2021-2027
"As bibliotecas na era digital não são avaliadas tanto pela dimensão da coleção, mas mais pelo efeito que os recursos a que é possível aceder têm nos utilizadores, isto é, no caso das bibliotecas escolares, da dimensão do efeito que têm na melhoria da aprendizagem, o quanto influenciam e apoiam a educação e a preparação para a vida: a qualidade da biblioteca mede-se pelos serviços e conhecimento que fornecem à comunidade de utilizadores."
Chadwell, 2012
Que desafios ?
1. Conectividade
2. Colaboração - formal e informal
3. Criação de conhecimento
4. Comunidade
A Biblioteca deve "ocupar" a Escola. Sair das 4 paredes, física e virtualmente. A Biblioteca deve estar onde está o utilizador.
QUE VANTAGENS NOS TRAZ A TECNOLOGIA?
- Diversidade de conteúdos e multiplicidade de formatos
- Facilidade de acesso - os recursos estarão disponíveis em qualquer lugar, 24h/dia
- Pesquisa - encontrar um recurso torna-se muito mais fácil
- Personalização da experiência de leitura, de aprendizagem, de pesquisa, de trabalho, de lazer...
- Apoio ao utilizador - a comunicação, quase em tempo real, é cada vez mais fácil (por exemplo através de chatbot)
- Acessibilidade - conversão de texto em fala, ampliação de fontes, ...
"Passamos por um tsunami informacional nos dias atuais". Esse tsunami, no entanto, não é sinónimo de “conhecimento”. A informação é cumulativa, o conhecimento é seletivo. (Mario Sergio Cortella)
"Um curador de conteúdos é alguém que continuamente encontra, agrupa, organiza e partilha o melhor e mais relevante conteúdo sobre uma questão específica. A componente mais importante deste trabalho é a palavra continuamente".
Anders Pink (2017), Content Curation for Learning: The Complete Guide
- Encontrar o melhor conteúdo
- Acrescentar valor a esse conteúdo
- Partilhar com o público interno, no momento certo e nos canais mais adequados
CURADORIA
"A curadoria digital implica a pesquisa, enquadramento e organização da informação, criando um contexto e uma arquitetura fiáveis para que os utilizadores possam recuperar conteúdos adequados às suas necessidades e expectativas."
In: Nunes, Manuela Barreto (2018). Bibliotecas escolares: gestão, desenvolvimento e curadoria de coleções na era digital Lisboa: RBE.
Prática reflexiva - permite ao professor estimular a reflexão individual e coletiva, bem como avaliar criticamente e desenvolver ativamente a sua prática pedagógica digital e a da sua comunidade educativa.
Desenvolvimento Profissional Contínuo (DPC) - uso de fontes e recursos digitais para desenvolvimento profissional contínuo.
Seleção de recursos educativos digitais - permite ao professor identificar, avaliar e selecionar recursos digitais para apoio ao ensino e à aprendizagem, tendo em conta, o contexto.
Criação e modificação de recursos educativos digitais - permite ao professor modificar e desenvolver recursos existentes com licença aberta e outros recursos onde tal é permitido. Criar ou cocriar novos recursos educativos digitais.
Gestão, proteção e partilha de recursos educativos digitais - permite ao professor organizar conteúdo digital e disponibilizá-lo à sua comunidade educativa (professores, aprendentes, encarregados de educação). Proteger eficazmente conteúdo digital sensível. Respeitar e aplicar corretamente regras de privacidade e de direitos de autor. Compreender a utilização e criação de licenças abertas e de recursos educativos abertos, incluindo a sua atribuição apropriada.
O professor bibliotecário é um líder que tem uma visão estratégica e participa na tomada de decisões, designadamente no âmbito do Conselho Pedagógico, ajudando a definir prioridades de atuação, com impactos nas aprendizagens formais e não formais dos alunos, alinhadas com as políticas educativas, a visão e a missão da escola. Enquanto professor e especialista da informação, centra a sua ação na prática pedagógica, que se concretiza através da criação de situações de aprendizagem diversificadas e da dinamização de programas formativos de leitura e de literacias, sempre que possível em situações de coensino, com vista à capacitação dos alunos para o uso crítico e criação de informação e conhecimento.
RBE (2021). Professor bibliotecário: um profissional em ação.
Bibliotecas inclusivas - centros de conhecimento e de lazer
- Estruturas híbridas
- Os espaços físicos são flexíveis e convivem com a criação de ambientes virtuais de aprendizagem,
- A organização de coleções de documentos em formato físico é acompanhada pela curadoria de recursos digitais
- O serviço de referência presencial é complementado com o apoio a distância.
QUESTÕES EMERGENTES
- Anonimato, liberdade de expressão e liberdade intelectual
- Aprendizagem híbrida
- Adaptação dos serviços, programas, recursos, instalações às necessidades dos seus utiizadores
- Criação de espaços mais atrativos e sociais que criem um sentido de pertença aos utilizadores
- Serviço de referência
- Gamificação
- Internet das coisas - os dados recolhidos permitem identificar tendências ou padrões
- Movimento maker - oportunidade para criar conteúdos
- Desconexão - concentração, tranquilidade
Credits:
Criado com imagens de markusspiske - "neourban laptop hardware" • geralt - "matrix communication software" • geralt - "internet cyber network" • Gam-Ol - "research mechanical technical" • geralt - "a book library read" • markusspiske - "neourban laptop hardware" • geralt - "keyboard empty binary" • geralt - "artificial intelligence brain think" • xresch - "tech circle technology"