O despertar da consciência coletiva Autor Conteudista: Rosana Montemor

Módulo 1

Introdução

Responsabilizar-se socialmente é antes de tudo o despertar da consciência coletiva de indivíduos que assumem a postura de comprometimento com os destinos da geração futura. No contexto do capitalismo globalizado, especificamente em países em desenvolvimento como o Brasil, as desigualdades sociais e os problemas ambientais são visíveis e necessitam de soluções efetivas. As políticas, os sistemas de produção, transformação, comércio, serviço e o consumo têm de trabalhar resguardando a biodiversidade e o próprio ser humano, onde ele não pode ser visto como um usuário dos recursos naturais, mas como parte de um todo holisticamente integrado, mas que, infelizmente vem sendo à sua própria ameaça , transformando a natureza por meio de sua ação humana com agressões aos ecossistemas. Sendo assim, fundamental a importância da reflexão na busca por ações genuinamente responsáveis, colocando-nos como agentes corresponsável na contribuição na melhoria da qualidade de vida planetária, no qual os padrões de consumo impostos pelo sistema capitalista devem ser revistos, e a educação para o consumo se torna essencial para a conscientização da população em relação à sua responsabilidade social na busca de um desenvolvimento sustentável. Assim, o foco da sociedade contemporânea não pode mais estar direcionado apenas para a produção de riquezas, mas para a sua distribuição e sua melhor utilização. É necessária uma verdadeira e efetiva mudança de postura na relação entre o homem e a natureza, onde não há a dominação, mas a harmonia entre eles.

Para Medina e Santos (1999, p. 18), Necessita-se de uma mudança fundamental na maneira de pensarmos acerca de nós mesmos, nosso meio, nossa sociedade e nosso futuro; uma mudança básica nos valores e crenças que orientam nosso pensamento e nossas ações; uma mudança que nos permita adquirir uma percepção holística e integral do mundo com uma postura ética, responsável e solidária.

Breve histórico da Responsabilidade Social

No decorrer da história, podemos perceber que a substituição da manufatura pela mecanização trouxe maior rendimento e produtividade. A Revolução Industrial introduziu a fábrica moderna na Europa no final no século XVIII, e através da inserção de novas tecnologias no sistema produtivo, transformou o artesão em operário, surgindo neste momento um novo tipo de trabalhador: o assalariado.

Nessa nova maneira de produção, os trabalhadores exerciam suas funções em condições precárias e eram submetidos à longas jornadas de trabalho, o que acarretava danos à sua saúde.

Ao longo do tempo e, a passos largos, vimos que a classe operária foi sendo substituída pelas máquinas, em prol da eficiência produtiva e da maximização dos ganhos.

De acordo com Médici & Almeida (2006), começaram a surgir problemas sociais e deficiências de toda ordem. A concentração da população em áreas urbanas, devido ao êxodo rural acentuado, levou a uma urbanização descontrolada e um crescimento desordenado das cidades, gerando falta de moradias, desemprego e insuficiência no atendimento às necessidades básicas do ser humano, problemas com os quais nos deparamos ainda hoje.

O desenvolvimento do sistema capitalista que nos cerca, e sua consolidação por meio da globalização, a abertura e expansão dos mercados mundiais, gerou desenvolvimento e crescimento econômico às nações. No entanto, as práticas abusivas adotadas para se obter lucro, fomentaram uma visão hostil sobre as empresas.

Nas palavras do sociólogo e cientista político Léo Voigt (2004),

(...) durante o século XX persistiu a visão que herdamos do Século XIX em que a empresa privada era vista como um equipamento de concentração das riquezas, a serviço de benefícios privados, às custas de sacrifícios coletivos – dos trabalhadores e da sociedade (Voigt apud Alessio, 2004, p. 14).

Diante do desequilíbrio provocado na sociedade, do agravamento das desigualdades sociais e da degradação ambiental começou os questionamentos sobre as responsabilidades das empresas com relação ao ambiente em que elas estão inseridas. Assim, à medida que as empresas tornam-se líderes no desenvolvimento econômico, suas responsabilidades em relação à sociedade e o meio ambiente tendem a aumentar.

Em fins do século XX, o avanço tecnológico e comunicacional, assim como da democracia, deu origem a mudanças fundamentais de cenário: os impactos negativos dos negócios se tornaram mais evidentes; o acesso à informação e as formas de interação em âmbito mundial se multiplicaram, confrontando-se com um novo olhar crítico e contínuo dos cidadãos, dos meios de comunicação social, dos poderes públicos. [...] Face a estas expectativas das sociedades, as empresas são convocadas a proceder a novos esforços de adaptação, que já não se confinam às novas tecnologias ou aos novos produtos ou mercados, mas que compreendem o que chamamos a sua responsabilidade social. (LEÃO, 2003, p.5).

O Instituto Ethos define o termo responsabilidade social empresarial como a forma de gestão orientada pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos envolvidos e pelo estabelecimento de metas empresariais que impulsionem o desenvolvimento sustentável da sociedade, de maneira a resguardar os recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e contribuindo para minimizar as desigualdades sociais.

Conforme Almeida apud Toldo (2002) responsabilidade social é:

[...] o comprometimento permanente dos empresários de adotar um comportamento ético e contribuir para o desenvolvimento econômico, melhorando simultaneamente a qualidade de vida de seus empregados e de suas famílias, da comunidade local e da sociedade como um todo. (Almeida apud Toldo, 2002, p. 82).

A noção de responsabilidade social empresarial decorre da compreensão de que a ação das empresas deve, necessariamente, buscar e trazer benefícios para a sociedade, propiciar a realização profissional dos empregados, promover benefícios para os parceiros e para o meio ambiente. Promover retorno para os investidores focando sempre o Desenvolvimento Sustentável. A empresa começa a voltar o seu negócio para variáveis ambientais e sociais e o paradigma de responsabilidade social empresarial passa a permear as práticas de gestão em todo mundo. A responsabilidade social deixou de ser uma opção para as empresas. É uma questão de visão, de estratégia e, muitas vezes, de sobrevivência. A sociedade contemporânea vive um momento de crise, em que se faz necessária à mudança do paradigma antropocêntrico ainda predominante para uma visão de mundo hipocêntrica, comprometida com toda a vida na Terra. A visão antropocêntrica de mundo, que autorizava o ser humano a dominar a natureza, e dela se utilizar como se a sua existência fosse exclusivamente para satisfazer as necessidades humanas. O grande desafio atual é o desenvolvimento sustentável, que busca o equilíbrio entre o desenvolvimento socioeconômico e a preservação do meio ambiente. Naturalmente, não se pode afirmar que todos os setores empresariais já se encontram conscientizados da importância da gestão responsável dos recursos naturais, mas a empresa que não buscar adequar suas atividades ao conceito de desenvolvimento sustentável está fadada a perder competitividade em curto ou médio prazo. O Desenvolvimento sustentável é o processo político-participativo que integra as sustentabilidades econômica, ambiental e cultural, coletivas e individuais, tendo em vista o alcance e a manutenção da qualidade de vida, seja nos momentos de disponibilização de recursos, seja quando dos períodos de escassez, tendo como perspectivas a cooperação e a solidariedade, entre os povos e as gerações. (ICONS, 2003, p.14).

As empresas hoje são agentes transformadores que exercem uma influência muito grande sobre os recursos humanos, a sociedade e o meio ambiente. Neste sentido, vários projetos são criados, atingindo principalmente os seus funcionários e em algumas vezes seus dependentes e o público externo, contemplando a comunidade a sua volta ou a sociedade como um todo. Tem como elemento norteador como exposto abaixo:

Elementos e indicadores

Econômico Inclui, por exemplo, os gastos e benefícios, produtividade no trabalho, criação de emprego, despesas em serviços externos, despesas em investigação e desenvolvimento, investimentos em educação e outras formas de capital humano. O aspecto econômico inclui, embora não se limite só a ele, a informação financeira e respectivas declarações.

Ambiental Inclui, por exemplo, impacto dos processos, produtos, serviços no ar, água, solo, biodiversidade e saúde humana.

Social Inclui, por exemplo, o tratamento que se dá aos grupos minoritários e às mulheres, o trabalho feito em favor dos menores, a saúde e segurança ocupacionais, estabilidade do empregado, direitos laborais, direitos humanos, salários e condições de trabalho nas relações externas.

Certificação das empresas

Certificação é a declaração formal de "ser verdade", emitida por quem tenha credibilidade e tenha autoridade legal ou moral. Ela deve ser formal, isto é, deve ser feita seguindo um ritual e ser corporificada em um documento. A certificação deve declarar ou dar a entender, explicitamente, que determinada coisa, status ou evento é verdadeiro. Deve também ser emitida por alguém, ou alguma instituição, que tenha fé pública, isto é, que tenha credibilidade perante a sociedade. Essa credibilidade pode ser instituída por lei ou decorrente de aceitação social.

Atualmente, grande parte dos consumidores exigem informações sobre as características dos produtos disponíveis no mercado, bem como dos impactos ambientais gerados em seus processos produtivos. Nesse sentido, os consumidores através de seu poder de decisão, no ato da compra, podem afetar significativamente a lucratividade das empresas. Além da pressão dos consumidores, os chamados consumidores verdes, Miranda et al. (1997) identifica outras fontes de pressão sobre as empresas, tais como: ONGs, Associações e Instituições públicas e privadas que primam pela qualidade ambiental, bem como investidores verdes, que procuram investir em empresas não poluidoras.

A Série ISO 14000, que compreende um conjunto de normas ambientais, não obrigatórias e de âmbito internacional, possibilita a obtenção da certificação ambiental, porém esta só pode ser obtida por uma determinada empresa se a mesma programar um Sistema de Gestão Ambiental (SGA). Este visa reduzir os impactos ambientais gerados na produção (inclui matérias-primas), transporte, uso e disposição final do produto (descarte). Porém, antes de gerenciar ambientalmente, a empresa necessita definir sua “política ambiental”. Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas: ABNT - NBR ISO 14001 (1996), a política ambiental consiste em uma declaração da empresa quanto as suas intenções e princípios em relação ao seu desempenho ambiental. Deve prever, portanto, estrutura para agir e definir seus objetivos e metas ambientais. Dado que a Série ISO 14000 consiste em um conjunto de normas ambientais voluntárias, as quais, em última instância, visam contribuir para a melhoria da qualidade do meio ambiente, pode-se afirmar que o somatório de esforços individuais das empresas “contribui”, em parte, para que se atinja o que atualmente é denominado de desenvolvimento sustentável. A implantação do SGA visa amenizar ou eliminar os impactos ambientais advindos dos processos produtivos. Nesse sentido, o conjunto de ações empreendidas pelas empresas durante a implantação do SGA trazem melhorias ao meio ambiente. Segundo Castro (1996), a partir de um SGA a empresa passa a incentivar a reciclagem, buscar matérias-primas e processos produtivos menos impactantes, passando a racionalizar o uso dos recursos naturais renováveis e não renováveis. Dessa forma, a implantação do SGA poderá possibilitar o desenvolvimento de processos produtivos mais limpos, bem como de produtos menos nocivos ao meio ambiente.

As vantagens sociais fundem-se com as vantagens ambientais. Uma vez que a gestão ambiental visa corrigir problemas ambientais, decorrentes da produção e consumo de bens que geram contaminações físicas e/ou externalidades negativas, consequentemente a sociedade passa ser beneficiada. Como resultado da implantação de um SGA por parte da empresa, dependendo do setor, pode-se obter a melhoria das condições de trabalho, advindas, por exemplo, da redução de materiais particulados e de mau cheiro. Além disso, as famílias que residem próximo às empresas que causavam externalidades negativas, passam a usufruir de um ambiente mais agradável.

A ABNT - NBR ISO 14004 (1996) destaca, também, como benefícios potenciais associados a um SGA a redução de incidentes que impliquem em responsabilidade civil através da redução de conflitos jurídicos locais, regionais, estaduais, nacionais e/ou internacionais decorrentes das externalidades negativas advindas de seus processos produtivos.

A imagem de empresa-cidadã está sendo cada vez mais percebida e valorizada pelos clientes e consumidores, e ainda está sendo importante para atrair e manter uma força de trabalho produtiva.

Certificação de Responsabilidade Social

A SA 8000 é uma norma de certificação internacional que incentiva as organizações a desenvolver, manter e aplicar práticas socialmente aceitáveis no local de trabalho.

Ela foi criada em 1989 pela Social Accountability International (SAI), afiliada ao Conselho de Prioridades Econômicas, e é vista como o padrão independente de locais de trabalho mais aceito do mundo. Pode ser aplicada a qualquer empresa, de qualquer tamanho, em todo o mundo.

A certificação SA 8000 aborda questões tais como trabalho escravo e infantil, saúde e segurança do trabalho, liberdade de associação e negociação coletiva, discriminação, práticas disciplinares, jornada de trabalho, remuneração e sistemas de gerenciamento.

Além de definir normas de trabalho em todo o mundo, a SA 8000 também contempla acordos internacionais existentes, incluindo as convenções da Organização Internacional do Trabalho, a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança.

Adotar a certificação SA 8000 significa que a organização deve levar em consideração o impacto social de suas operações, além das condições sob as quais seus funcionários, parceiros e fornecedores trabalham. Pode ser aplicada a qualquer empresa, de qualquer tamanho, em todo o globo.

Fonte: http://www.sgsgroup.com.br/pt-BR/Sustainability/Social-Sustainability/Audit-Certification-and-Verification/SA-8000-Certification-Social-Accountability.aspx

Toda organização precisa instigar ações destinadas a tornar o mundo um lugar melhor. A avaliação de desempenho referente à norma ISO 26000 feita pela SGS mede o desempenho da sua organização e a melhoria no comportamento socialmente responsável. Existem cinco níveis que se relacionam com graus crescentes de desempenho.

Empresas que deixam de incorporar um comportamento socialmente responsável em suas estratégias, sistemas e práticas tendem a ficar para trás de seus concorrentes. Cada vez mais clientes, funcionários, agentes, investidores, parceiros de negócios, governos e comunidades estão decidindo não apoiar empresas que pouco se importam com o planeta e o bem-estar das pessoas que nele habitam. Muitas organizações estão implementando um Sistema de Gerenciamento da Saúde e Segurança do Trabalho (SGSST), como parte de sua estratégia de gerenciamento de riscos para lidar com mudanças na legislação e proteger os seus trabalhadores. A certificação OHSAS 18001 permite às organizações gerenciar os riscos operacionais e melhorar seu desempenho. A norma oferece orientações sobre avaliações de saúde e segurança e sobre como gerenciar os aspectos de saúde e segurança das atividades de seu negócio de forma mais eficaz, levando em consideração a prevenção de acidentes, a redução de riscos e o bem-estar de seus funcionários.

A OHSAS 18001:2007 aborda as seguintes áreas fundamentais:

• Identificação de perigos, Avaliação de riscos e Determinação de controles

• Requerimentos legais e outros

• Objetivos e Programa(s) OHS

• Recursos, Funções, Responsabilidade e Autoridade

• Competência, Treinamento e Conscientização

• Comunicação, Participação e Consulta

• Controle operacional

• Preparação e resposta a emergências

• Medição, monitoramento e aprimoramento do desempenho

COP

A Conferência das Partes (COP) é o órgão supremo da Convenção e reúne regularmente os países que assinaram e ratificaram a Convenção e o Protocolo de Kyoto. Suas decisões são soberanas e obrigam todos os signatários. Os países membros já se reuniram 20 vezes até hoje em conferências desse tipo (Berlin, Genebra, Kyoto, Buenos Aires, Haia e Bonn, Marrakesch, Nova Déli, Milão, Buenos Aires, Montreal, Nairóbi, Bali, Poznan, Copenhague, Cancún, Durban, Doha, Varsóvia, Lima).

Chamada de Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (do original em inglês United Nations Framework Convention on Climate Change - UNFCCC) foi elaborada durante a Rio-92 ou Eco-92 ou ainda Cúpula da Terra, que aconteceu no Rio de Janeiro, em 1992. Entrou em vigor em março de 1994, reconhecendo que o sistema climático é um recurso compartilhado, planetário, cuja estabilidade pode ser afetada por atividades humanas – industriais agrícolas e pelo desmatamento – que liberam dióxido de carbono e outros gases – chamados gases de efeito estufa - que aquecem o planeta Terra.

O acordo de 12 de dezembro de 2015 em Paris foi um feito histórico. Pela primeira vez, todos os países do mundo concordaram em agir contra as mudanças climáticas, tendo como objetivo de longo prazo estabilizar a temperatura da Terra bem abaixo de 2oC e fazendo esforços para limitá-la a 1,5o C, valor compatível com a existência de vários países e populações vulneráveis. O Acordo de Paris sinaliza o consenso, inédito, de que não podemos continuar usando combustíveis fósseis e desmatando; temos de ter uma consciência ecológica, responsabilidade social com o planeta em que vivemos. O primeiro passo está dado. É preciso, agora, converter o compromisso político em ação. E isso começa dentro de casa.

FONTE: http://www.observatoriodoclima.eco.br/nota-a-imprensa-acordo-de-paris

http://fatea.br/fatea/blog/fatea-recebe-selo-de-instituicao-socialmente-responsavel/

FATEA recebe selo de Instituição Socialmente Responsável

A FATEA, por meio do Núcleo de Extensão (Relações Comunitárias), recebeu o selo de Instituição Socialmente Responsável – uma realização da ABMES – Associação Brasileira Mantenedora do Ensino Superior.

A Campanha de Responsabilidade Social do Ensino Superior particular completou 10 anos, e a FATEA há 7 anos vem recebendo esta certificação.

Created By
Maria Beatriz Cruz
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