Texto de Marcio Menasce
Na arte contemporânea, nem tudo se cria, mas tudo se transforma. Este é o caminho para o qual aponta a exposição “Releituras Contemporâneas”, que será inaugurada nesta sexta, 17 de março, às 18h, na Pequena Galeria Cândido Mendes, no Centro do Rio. A mostra é uma coletiva de diversos artistas, que partiram de apropriações de obras consagradas da pintura para criar novas imagens, ora mantendo a mesma estrutura da original, ora desconstruindo tudo, para extrair apenas a mensagem da obra.
Para o curador da exposição, o doutor em artes visuais pela UFRJ e coordenador do curso de pós-graduação em fotografia e imagem da Universidade Cândido Mendes, Mickele Petruccelli Pucarelli, a fotografia é hoje personagem fundamental da arte contemporânea, com obras alcançando cifras milionárias em leilões internacionais. E parte do que caracteriza esta fotografia atual é a apropriação de toda a arte do passado, para então transformá-la.
- As colagens e releituras são traduções de um momento em que o passado volta a ser estudado e valorizado, e quando feitas com fundamentação, funcionam como reconhecimento da importância dos artistas que abriram caminhos ao longo dos séculos, e do talento dos produtores de arte da atualidade – afirma Pucarelli.
Entre os artistas que ganharam releituras na exposição, estão nomes de diversas eras ou movimentos artísticos, como Van Gogh, Caravaggio e Edward Munch. As releituras foram produzidas por 44 artistas, pós-graduandos em fotografia e imagem.
Além de romper com a ideia de que grandes obras são intocáveis, a exposição também propõe a mudança do conceito de que uma obra em exposição é intocável. A mostra foi completamente montada para que os espectadores possam ver e tocar as imagens. A ideia é fazer com isso amplie as sensações e emoções provocadas pelo estudo da arte do passado, que inspirou os artistas contemporâneos nesta coletânea de fotografias.
- Vivemos em mundo em que inúmeros limites se diluem e o que antes era restrito a um pequeno mundo, hoje se expande. A narrativa mudou, as formas de fazer imagens foram misturadas e as linguagens das ruas invadem as galerias, ampliando mais uma fronteira. Essa exposição leva isso tanto para a forma como as obras são dispostas, e disponíveis para o toque do espectador, quanto para sua própria concepção. Se uma releitura deve limitar-se a composição original, ou se dela devemos absorver a essência e então extrapolar seu sentido, são decisões que ficam por conta do artista e sobretudo para a interpretação do espectador – explica Pucarelli.